O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu nesta quarta-feira (3) elevar a Selic, taxa básica de juros da economia brasileira, de 4,25% para 5,25% ao ano. O aumento de 1 ponto percentual veio em linha com a expectativa do mercado, e interrompe uma sequência de 3 elevações de 0,75 ponto percentual, acelerando o ritmo de aperto monetário.
Em seu comunicado, o BC informou que o cenário básico e o balanço de riscos do Copom indicam ser apropriado um ciclo de elevação da taxa de juros para patamar acima do neutro.
“Para a próxima reunião, o Comitê antevê outro ajuste da mesma magnitude. O Copom enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar o cumprimento da meta de inflação e dependerão da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária”, disse o órgão no documento.
Com a alta, as aplicações de renda fixa atreladas ao CDI (Certificado de Deposito Interbancário) ficam mais atrativas. Veja quanto rendem os investimentos e onde aplicar seu dinheiro neste cenário de Selic em 5,25% ao ano.
Esse foi o primeiro aumento de 1 ponto percentual da Selic desde 2003, e o maior para uma reunião do Copom desde 2002. É o quarto aumento seguido da taxa básica de juros. Veja abaixo o histórico de variações:
Aperto da inflação
A expectativa por um aumento maior da taxa Selic ganhou força em meio às preocupações com a inflação, em um cenário com pontos de alerta como conta de luz pressionada pela crise hídrica e aumento das commodities.
“Com a piora dos índices de inflação e possível desancoragem das expectativas, acreditamos que o Banco Central deve ser mais ativo e elevar a taxa de juros de forma mais significativa. Esse comportamento evitaria uma perda de credibilidade e reduziria uma contaminação dos preços deste para o próximo ano”, comentou em relatório o economista Gustavo Sung, da Suno Research.
Analistas do Itaú Unibanco também esperavam uma alta de 1 ponto percentual, pois, conforme pontuou o banco em relatório, “o risco para inflação continua sendo de alta, justificando um ajuste mais tempestivo”.
O economista João Beck, sócio da BRA, também acreditava em um aumento de 1 ponto. “O atraso na subida dos juros pós pandemia foi proposital e claramente mencionado nos comunicados. O motivo foi – palavras do comunicado – manter os juros em níveis estimulativos. Agora, no último comunicado, a mensagem mudou. Os juros serão de equilíbrio e, como se diz no mercado, a meta é buscar a meta de inflação“, diz ele.
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