Um levantamento da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) mostra que sete em cada dez idosos (70%) estão aposentados. Destes, 21% continuam trabalhando e uma das principais razões é o fato de a renda não ser suficiente para pagar as contas. De olho nisso, o InvestNews consultou especialistas para entender como se planejar e onde investir para ter uma aposentadoria e um futuro mais tranquilo.
Adriano Rondeli, assessor de investimentos da Valor Investimentos, explica que, em termos financeiros, muitos brasileiros ainda não conseguem se planejar. “Hoje, muitos têm dívida, os salários são baixos, o que dificulta poupar. O planejamento financeiro é fundamental. A falta dele é o principal problema, acompanhado da despreocupação com futuro e não reservando o capital para se aposentar”, diz.
Dicas para planejar a aposentadoria
Ricardo Hiraki, CEO e cofundador da Plano Finanças Pessoais, diz que a relação do brasileiro com a aposentadoria é de transição, já que o governo tem mostrado que é um desafio grande para continuar financiando essa contribuição.
“O que o brasileiro tinha é algo que ele terceirizava para empresas e governo. Agora, ele vai ter que começar a aprender sobre investimentos e ter a disciplina financeira e cruzar toda a vida dele produtiva até que chegue lá com a reserva que ele considere suficiente. O brasileiro vai ter que começar a fazer isso cada vez mais por conta própria. É um desafio grande”, avalia Hiraki.
O CEO e cofundador da Plano Finanças Pessoais orienta que quanto antes a pessoa começa economizar dinheiro, ela terá o tempo ao seu favor, exponencializando seus investimentos. “Quanto antes começar, melhor. Por outro lado, é uma relação de tempo e aprendizagem, tem uma curva de aprendizagem. É aumentar receitas até se criar hábitos de investir”, recomenda.
Entre os principais passos para investir com objetivo na aposentadoria, Hiraki destaca:
- Saber poupar dinheiro: é preciso ter um planejamento financeiro para saber qual orçamento básico a pessoa gostaria de ter no momento da aposentadoria e saber o quanto é preciso economizar em um determinado período de tempo para que, quando chegue o futuro, a pessoa tenha patrimônio suficiente desejado. Assim, autoconhecimento financeiro é fundamental.
- Conhecer sobre investimentos: não adianta a pessoa conseguir economizar uma parcela da sua renda se não sabe onde investirá. Por isso, conhecimento e estudo sobre investimentos é fundamental para optar por aqueles que mais possam fazer sentido às estratégias para alcançar a meta futura.
- Buscar rentabilidade: é preciso saber se o dinheiro investido está em um ritmo bom de economia e rentabilidade. Assim, é preciso buscar produtos de investimentos que tenham a rentabilidade média ideal para se alcançar os objetivos. Por isso, é importante acompanhar e manter uma carteira de investimentos com um determinado ritmo de rentabilidade, de acordo com o perfil e objetivo de investidor, para que a aposentadoria seja financeiramente como o traçado.
Quanto economizar para a aposentadoria?
Hiraki afirma que uma regra comumente usada é a pessoa tentar economizar de 20% a 25% do orçamento dela para investir em produtos financeiros com objetivo na aposentadoria. Com isso, segundo ele, pode ser possível acumular patrimônio para conseguir manter o mesmo estilo de vida no futuro.
“Essa conta facilita e é simples, mas acho superficial para as pessoas se prenderem somente a ela. Assim, sugiro fazê-la sempre de modo conservador, pois surpresas financeiras positivas e negativas podem acontecer. E o importante é se dedicar à aprendizagem, entender juros compostos, investimentos. A informação está muito democrática. Conhecer os investimentos, se conhecer e saber seus desafios e estar sempre um passo à frente dos ciclos econômicos, entendendo também de macroeconomia e politica. Sabendo de tudo isso, a pessoa estará pronta para ter autonomia para a produção de patrimônio”, defende Hiraki.
Rondelli destaca, no entanto, alguns erros comuns que devem ser evitados, como: deixar para depois o investimento com foco na aposentadoria, já que, quanto mais cedo a pessoa se prepara financeiramente, maiores são chances de alcançar os objetivos; querer correr risco demais para alcançar o objetivo, já que pode acabar saindo com menos dinheiro do que foi investido; não entender sobre o investimento que pretende fazer, o que pode prejudicar rentabilidade; e não ter planejamento financeiro, que pode acabar diminuindo as chances de alcançar as metas futuras para a aposentadoria.
4 investimentos para aposentadoria
Para investir com foco na aposentadoria, não existe uma lista específica de investimentos para aportar. Tudo vai depender dos objetivos e perfil de investidor, em qual momento de vida a pessoa está, o quanto de patrimônio já tem investido e tem para investir, qual rentabilidade pode ser mais interessante dentro da estratégia traçada, bem como o quanto deseja ter no futuro. Porém, alguns investimentos são recomendados pelos especialistas ouvidos pelo InvestNews:
Fundos imobiliários: é uma modalidade de investimento composta pela junção de vários investidores que têm o objetivo de investir em empreendimentos imobiliários sem ser necessário fazer a compra de um imóvel. Assim, é possível investir no segmento com pouco capital por meio da compra de cotas de fundos imobiliários. Por meio delas, é possível ter acesso a empreendimentos como complexos empresariais e shoppings, por exemplo, sendo remunerado proporcionalmente de acordo com as cotas que possui, por meio de dividendos ou valorização das cotas compradas. A escolha dos imóveis investidos é de competência do gestor responsável pelo fundo. Os principais tipos de fundo são:
- Fundos de tijolo: aqueles que compram ou constroem imóveis com o objetivo de alugar
- Fundos de desenvolvimento: investem na construção de imóveis com o objetivo obter lucro a partir da venda
- Fundos de compra e venda: são os que lucram com a compra e venda de imóveis
- Fundos de recebíveis imobiliários: são títulos de renda fixa utilizados para levantar recursos para investimento no mercado imobiliário.
- Fundos de fundos: são os que investem em outros fundos imobiliários
Tesouro Direto IPCA+: são títulos emitidos pelo governo federal. Para investimentos com foco na aposentadoria, o Tesouro IPCA, ou seja, atrelado à inflação, é o recomendável, já que ele rende acima da inflação, remunerando o IPCA mais uma taxa de juros fixa previamente determinada, garantindo o poder de compra do investidor. Vale lembrar, no entanto, que a taxa acordada na hora da compra do título só será cumprida se o título for levado até a sua data de vencimento. Caso contrário, o investidor estará exposto ao risco da marcação a mercado, se fizer o resgate antecipado. Além disso, os títulos do tesouro têm incidência de imposto de renda sobre os rendimentos alcançados, cobrança essa que acontece de forma regressiva, conforme maior for o tempo do investimentos.
Ações: são parte de uma empresa de capital aberto, com negociação na bolsa de valores, que busca levantar recursos para financiar grandes investimentos. Ao comprar uma ação de uma empresa, o investidor se torna sócio dela. Se a empresa dá lucro e cresce, há valorização dos papéis e lucros para os acionistas, assim como pagamento de possíveis dividendos, a depender da empresa. Os preços das ações variam de acordo com a oferta e a demanda no mercado, ou seja, quando muitos investidores desejam comprar uma certa ação, o preço tende a subir. E vice-versa. Rondelli destaca, no entanto, que, por ser um ativo de renda variável e, por isso, o investidor não saber o quanto terá de remuneração no futuro, este investimento é recomendável para o longo prazo, para quem tem bastante tempo ao seu favor nos investimentos até a chegada da aposentadoria.
LCI e LCA: Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e a Letra de Crédito do Agronegócio (LCA) são uma espécie de empréstimo para o banco em troca de um rendimento do título. As emissões são feitas com o objetivo de levantar recursos financeiros para empréstimos tanto para o setor imobiliário quanto para o agronegócio. A rentabilidade desses investimentos tem variação de acordo com o CDI, um índice de referência da renda fixa, mas também é possível encontrar investimentos com taxas prefixadas. Elas são isentas de imposto de renda. Além disso, esses títulos são garantidos pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), o que garante maior de segurança par o investimento. Assim, caso o banco emissor dessas letras de crédito vier a falir, o FGC indenizará até R$ 250 mil ao investidor.
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