Siga nossas redes

Finanças

Após novo ‘circuit breaker’, Bolsa fecha em queda de 7,6%, a 85 mil pontos

Dólar voltou a subir, mesmo após leilão do BC, e fechou negociado a R$ 4,72.

bolsa de valores

A bolsa brasileira viveu mais um dia de forte turbulência. Seu principal índice, o Ibovespa, devolveu todos os ganhos do dia anterior e teve os negócios suspensos pelo circuit breaker pela segunda vez na semana. A queda ficou mais forte durante a tarde, depois que a Organização Mundial da Saúde (OMS) oficializou a classificação de pandemia do coronavírus. Desde 2008, o indicador não tinha duas interrupções em tão pouco tempo.

LEIA MAIS: Entenda o ‘circuit breaker’ e relembre momentos de pânico na Bolsa

O índice fechou em forte baixa de 7,64%, aos 85.171 pontos. Na mínima do dia, atingiu 80.795 pontos. O humor foi piorando ao longo do dia, à medida que notícias sobre o avanço do vírus eram divulgadas. Na semana, a bolsa recua 13,09% até o momento. Já no mês de março, acumula desvalorização de 18,24%.

Desde o fechamento anterior à Quarta-Feira de Cinzas (aos 113.681,42 naquela sexta, 21 de fevereiro), as perdas acumuladas chegam agora a 28.510,29 pontos, refletindo a forte correção após o Carnaval, com o alastramento do coronavírus.

O Ibovespa acumula perda de 28,7% em relação a seu nível máximo de fechamento, atingido no dia 24 de janeiro, aos 119.528. Como a queda é maior que 20% em relação ao recorde, o mercado considera que a bolsa brasileira entrou em “bear market” (do inglês, mercado do urso). Na prática, significa dizer que o índice está em tendência de baixa. Entenda a origem do termo.

2º ‘circuit breaker’ na semana

O Ibovespa entrou em circuit breaker por volta de 15h15, após cair 10,11%, aos 82.887 pontos. As negociações ficaram suspensas por 30 minutos. Veja como funciona o mecanismo. Todas as 73 empresas negociadas no Ibovespa entraram em leilão. As negociações do Tesouro Direto também ficaram suspensas nesta tarde.

Esta foi a 19ª vez que o mecanismo foi acionado desde sua adoção em 1997. Na segunda-feira, o Ibovespa caiu 12,17%, a maior baixa em mais de 20 anos. Antes disso, a última ocasião em que o circuit breaker foi ativado ocorreu em 18 de maio de 2017, por causa da Delação da JBS.

Lá fora, os principais índices de ações também recuaram fortemente. As bolsas da Europa fecharam em queda, com exceção de Milão, que subiu após o governo anunciar medidas de estímulos à economia italiana. O índice Stoxx 600, que está em bear market, fechou em baixa de 0,74%, a 333,17 pontos.

Os índices de Nova York fecharam o dia com perdas de 4,37% e 5,8%, com a Nasdaq e o Dow Jones, respectivamente, tendo fechado hoje em “bear market”, definido como uma perda de ao menos 20% em relação a sua máxima mais recente. O S&P 500 fechou em baixa de 4,89%.

Dólar fecha a R$ 4,72

Depois da primeira desvalorização em seis meses, a moeda americana voltou a subir nesta quarta. O dólar comercial fechou vendido a R$ 4,7207, subindo 1,61%, mesmo após o Banco Central ter feito a venda completa dos contratos de swap cambial ofertados hoje. O resultado foi uma injeção de US$ 1 bilhão no mercado a fim de desacelerar a subida da moeda.

Destaques da B3

A ação preferencial da Petrobras (PETR4) fechou em baixa de 9,74% e a ordinária (PETR3) caiu 10,84%. Outra gigante das commodities, Vale (VALE3) fechou em baixa de 9,08%. Na ponta negativa do Ibovespa, as aéreas Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4) caíram 14,57% e 16,39%, respectivamente, pressionadas pela escalada do dólar e pelo efeito direto sobre as viagens, especialmente internacionais.

O anúncio de que a TIM e a Telefônica têm interesse na rede móvel da Oi fez com que as ações da operadora disparassem até 30% mais cedo. No final do dia, o papel da Oi (OIBR3) desacelerou a alta e subiu 10%, negociado a R$ 0,88.

As interessadas na compra também viram suas ações valorizarem, mas elas também foram contagiadas pelo viés negativo da bolsa. Os papeis da TIM (TIMP3) subiram 1,23% pela manhã e os da Telefônica (VIVT4), avançaram 0,48%.

Além disso, as empresas que dependem das exportações também ficaram entre as maiores baixas. Os papeis da Gerdau (GGBR3) chegaram a afundar 13%; e a CSN (CSNA3) teve queda de 17%.

Notícias do dia

A Organização Mundial da Saúde (OMS) decidiu declarar o coronavírus uma pandemia, termo utilizado quando o estágio de transmissão de uma doença é global.

A epidemia avança pela Europa. Até ontem (11), eram contabilizadas, pelo menos 500 mortes no continente, quando a União Europeia fazia sua primeira reunião via teleconferência.

O Banco da Inglaterra (BoE, pela sigla em inglês) decidiu nesta quarta-feira cortar sua taxa básica de juros em 0,50 ponto porcentual, a 0,25%, e anunciou medidas para lidar com o impacto econômico da epidemia de coronavírus.

Enquanto isso, no Brasil, o Ministério da Saúde divulgou ontem o último balanço do número de contaminados. Agora são 34 casos, dos quais apenas seis são de transmissões locais, ou seja, contaminados dentro do próprio país.

LEIA MAIS: Coronavírus: MPF recomenda cancelamento de passagens aéreas sem ônus

No Brasil, o IPCA de janeiro, divulgado pelo IBGE, acelerou para 0,25% em fevereiro. O indicador veio no teto das estimativas dos analistas, mas não mudou a perspectiva de corte de 25 pontos-base da Selic na próxima semana em meio aos impactos econômicos incertos do surto de coronavírus no mundo e no Brasil.

Petróleo

Após leve recuperação ontem, os preços do petróleo voltaram a cair. Isso porque a estatal petrolífera Saudi Aramco disse nesta quarta ter recebido uma diretiva do Ministério da Energia da Arábia Saudita para elevar a sua capacidade de produção de 12 milhões de barris por dia para 13 milhões de barris por dia.

Apesar disso, a Aramco não informou quando o aumento de capacidade seria concretizado. O aumento da produção sinaliza para o concorrente russo que a Arábia Saudita vai persistir na guerra de preços.

LEIA MAIS: Guerra do petróleo: quem ganha e quem perde com a queda dos preços?

Abra sua conta! É Grátis

Já comecei o meu cadastro e quero continuar.