O dólar emendou uma segunda queda consecutiva nesta quarta-feira (9), com operadores se desfazendo da moeda norte-americana em sintonia com um amplo movimento global de busca por risco, em meio a respiro após turbulências recentes por causa da guerra na Ucrânia. Já o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, operou em alta, à medida em que o petróleo caía e as ações globais avançavam.

No dia, o Ibovespa subiu 2,43%, aos 113.900 pontos. Já o dólar fechou em baixa de 0,85%, comercializado a R$ 5,0109, após chegar a R$ 4,9855 na mínima do dia até agora.

O economista-chefe da Necton, André Perfeito, acredita que o dólar irá romper a marca abaixo de R$ 5 com mais força, e cita os motivos:

O dia foi mercado pelo otimismo no exterior sobre um possível fim da guerra no leste europeu. Notícias de que Rússia e Ucrânia demonstraram disposição em conversar ajudaram o sentimento e ajudaram a puxar a queda do dólar, além de impulsionarem a recuperação das ações de forma global.

“O fato de os governos ocidentais estarem realizando uma guerra econômica contra a Rússia, e não um conflito militar, ajuda no sentimento geral”, disse David Madden, analista de mercado da Equiti Capital.

“A esperança do fim da guerra repercutiu positivamente no ânimo dos investidores hoje. As falas do presidente da Ucrânia indicando uma possível desistência de entrar na OTAN e uma rendição à Rússia fizeram com que as ações apresentassem forte valorização nas bolsas do mundo todo”, afirmou Rob Correa, analista de investimentos CNPI.

Cenário interno

No Brasil, discussões sobre combustíveis dominaram o cenário político, com nova reunião de autoridades para tratar do assunto e perspectiva de votação no Senado de pautas relacionadas.

Receios fiscais – que ficaram um tanto de lado neste início de ano depois de surpresas positivas em dados sobre a saúde das contas públicas – voltavam à pauta, já que a recente disparada do preço do barril de petróleo no exterior aqueceu discussões domésticas sobre medidas para controle dos custos de combustíveis.

De acordo com fontes, o governo do presidente Jair Bolsonaro está preparando um programa de subsídios para impedir o aumento dos preços para os consumidores, indicando que o Ministério da Economia começava a perder a batalha para evitar esses gastos.

O mercado ainda repercute a queda maior do que a esperada da produção industrial do país em janeiro. O recuo foi de 2,4% em janeiro na comparação mensal, divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mais cedo, contra expectativa de retração de 1,9%, segundo pesquisa da Reuters com analistas.

Destaques da bolsa

Bolsas mundiais

Estados Unidos

As ações dos Estados Unidos subiram nesta quarta-feira, lideradas por papéis financeiros e de tecnologia, se recuperando de vários dias de queda, depois que os preços do petróleo recuaram acentuadamente e enquanto investidores avaliam os desdobramentos da crise na Ucrânia.

De acordo com dados preliminares, o S&P 500 ganhou 2,53%, para 4.276,24 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq avançou 3,58%, para 13.249,21 pontos. O Dow Jones subiu 1,97%, para 33.273,89 pontos.

Europa

O mercado acionário alemão disparou quase 8% e liderou os fortes ganhos na Europa nesta quarta-feira, com os investidores optando por ações que sofreram com as perdas provocadas por temores relacionados à crise da Ucrânia.

As ações italianas e francesas dispararam cerca de 7% e o índice pan-europeu STOXX 600 fechou em alta de 4,68%, a 434,45 pontos, na melhor sessão em dois anos.

Ásia e Pacífico

As ações chinesas fecharam em baixa nesta quarta-feira, com os investidores temendo que o rali dos preços das commodities terá um impacto mais amplo na segunda maior economia do mundo, enquanto novos casos domésticos de coronavírus também pesavam no sentimento de risco.

* Com informações da Reuters.

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