O Ibovespa mudou de sentido e fechou em queda nesta terça-feira (16), enquanto investidores repercutem a apresentação do parecer da nova regra fiscal, da nova política de preços da Petrobras e monitoram as negociações para aumentar o teto da dívida dos Estados Unidos. O dólar terminou o dia em alta sobre o real.
O Ibovespa caiu 0,77%, aos 108.194 pontos. O dólar subiu 1,15%, a R$ 4,9438.
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Cenário interno
O relator do novo marco fiscal, deputado Cláudio Cajado (PP-BA), disse nesta terça-feira que o texto do arcabouço será votado em sessão plenária da Câmara dos Deputados em 24 de maio.
Foram incluídos em seu parecer do arcabouço gatilhos para conter gastos caso o governo não cumpra objetivos estabelecidos para melhorar as contas públicas, o que, segundo Paulo Ricardo, especialista em investimentos da Blue3 Investimentos, foi visto com bons olhos pelo mercado e tende a manter a “tendência de dólar para baixo”.
Ainda do noticiário local, a Petrobras (PETR4) anunciou nesta terça sua nova estratégia comercial para o diesel e a gasolina, abandonando a paridade de importação (PPI) como base principal para os reajustes e passando a aplicar premissas que miram um “equilíbrio” entre os mercados nacional e internacional.
A estatal disse em fato relevante que a nova estratégia prioriza o “custo alternativo do cliente”, além de um valor marginal para a Petrobras.
O economista André Perfeito diz que “a mudança da política de preços, numa leitura inicial, traz poucos elementos à análise”. “Foi dito que não haverá mudanças periódicas de preços e isso sugere que a Petrobras buscará amenizar a volatilidade externa nos preços domésticos, o que faz sentido. De fato a política atual dolarizou a gasolina e isso pode ser problemático em alguns momentos para se dizer o mínimo”, afirma.
“Mas como o Brasil ainda não é auto suficiente no refino, também está claro que a Petrobras não poderá abandonar algum tipo de paridade com os preços internacionais, logo o que foi anunciado precisa ser testado na realidade.”
ANDRÉ PERFEITO, ECONOMISTA
Correção do dólar
Paulo Ricardo, especialista em investimentos da Blue3 Investimentos, disse que a leve recuperação da moeda norte-americana reflete correção após, na véspera, o dólar ter recuado pela quinta sessão consecutiva, ao menor nível de fechamento desde junho de 2022.
“É normal, após movimentos expressivos da divisa, haver momentos pontuais de ajuste no sentido oposto, conforme operadores consolidam suas posições.”
Paulo Ricardo, especialista em investimentos da Blue3 Investimentos
Para Ricardo, apesar da leve recuperação desta sessão, o dólar está preso numa tendência de queda, em meio a “expectativas muito positivas quanto à economia internacional”, à medida que os Estados Unidos parecem se encaminhar para uma solução para o impasse da dívida.
Cenário externo
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o principal republicano do Congresso norte-americano, Kevin McCarthy, vão se reunir nesta terça para tentar avançar em um acordo para aumentar o limite de empréstimos do governo de US$ 31,4 trilhões e evitar um calote catastrófico.
Limitando a tomada de risco nos mercados globais nesta terça-feira, dados mostraram que o crescimento da produção industrial e das vendas no varejo da China ficou abaixo das expectativas em abril.
“O conjunto de resultados reforça a perspectiva de que a recuperação econômica do país tem sido heterogênea entre setores e concentrada no consumo privado, sobretudo de serviços”, disse o Bradesco em relatório. “O quadro de um crescimento chinês mais moderado pode conter os preços de commodities, e pode motivar a implementação de estímulos adicionais por parte das autoridades chinesas.”
Destaques da B3
Magalu
A Magalu (MGLU3) despencou 22,8%, a maior queda do Ibovespa, na esteira do prejuízo líquido ajustado de R$ 309,4 milhões no primeiro trimestre deste ano, ante um prejuízo de R$ 98,8 milhões no mesmo período de 2022, em desempenho afetado por maiores despesas financeiras e taxa de juros mais elevada.
BRF
A BRF (BRFS3) operava em queda, uma vez que reportou prejuízo líquido de R$ 1,024 bilhão no primeiro trimestre deste ano, bem acima do esperado por analistas, citando um mercado global de carne de frango com excesso de oferta e altos preços de grãos.
Marfrig
A Marfrig (MRFG3) recuou 9,17%, após divulgar prejuízo de R$ 634 milhões no primeiro trimestre de 2023, ante lucro de R$ 109 milhões no mesmo período do ano passado, com menores margens da operação nos Estados Unidos pressionando os resultados.
Banco do Brasil
O Banco do Brasil (BBAS3) teve desvalorização de 2,88% em meio a resultado trimestral dentro do esperado, com lucro líquido ajustado de R$ 8,55 bilhões nos primeiros três meses do ano, uma expansão de cerca de 29% sobre o mesmo período do ano passado, apesar de as provisões para perdas com empréstimos terem mais do que dobrado.
Aliansce Sonae
A Aliansce Sonae (ALSO3) subiu 0,15% após balanço do primeiro trimestre, assim como estimativa de lucro antes de juros, impostos e depreciação (Ebitda) entre R$ 1,95 bilhão e R$ 2 bilhões este ano.
Hapvida
A Hapvida (HAPV3) disparou 8,25%, entre as maiores altas do Ibovespa, mesmo após prejuízo líquido de R$ 341,6 milhões no primeiro trimestre, uma vez que o Ebitda ajustado aumentou 63,5%, para R$ 634,5 milhões, com expansão de margem Ebitda ajustada a 9,4%, de 6,5% um ano antes.
Rede D’Or
A Rede D’Or (RDO3) subiu 6,72%, depois de divulgar alta de cerca de 35% no lucro líquido do primeiro trimestre sobre um ano antes, para R$ 303,8 milhões, impulsionado por maiores receitas de serviços e menores despesas. O resultado superou expectativas de analistas.
Petrobras
Os papéis da Petrobras tiveram elevação de 2,24% de PETR3 e 2,49% de PETR4, com o mercado repercutindo a mudança na política de preços da companhia e a redução dos combustíveis nas refinarias. Apesar do avanço dos papéis, especialistas afirmam que não está claro como será feita a precificação e falam em falta de transparência.
IRB
A IRB (IRBR3) caiu 1,11% tendo de pano de fundo balanço do primeiro trimestre, com lucro líquido de R$ 8,6 milhões.
Eneva
A Eneva (ENEV3) caiu 1,34%, com o balanço do primeiro trimestre mostrando lucro líquido de R$ 223 milhões, alta de 21% ano a ano, em meio a uma diversificação de negócios na companhia que permitiu avanço nos resultados apesar de menor demanda por despacho térmico pelo Brasil.
Itaúsa
A Itaúsa (ITSA4) caiu 0,22% em meio a balanço dos primeiros três meses do ano, com lucro líquido de R$ 2,8 bilhões, assim como anúncio de programa de recompra de ações.
SLC Agrícola
A SLC Agrícola (SLCE3) fechou estável. Uma das maiores produtoras de grãos e oleaginosas do Brasil, a empresa teve queda de 27,9% no lucro líquido do primeiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, para cerca de R$ 575 milhões.
XP
A XP INC (XPBR31), que é negociada em Nova York, subiu, mesmo após a maior plataforma independente de investimentos do Brasil reportar queda de 7% no lucro líquido do primeiro trimestre ano a ano, para R$ 796 milhões, com receita estável e forte recuo nas captações líquidas de recursos.
Bolsas mundiais
Wall Street
Os principais índices de Wall Street caíam nesta terça-feira, após uma previsão obscura da Home Depot e dados de vendas no varejo nos Estados Unidos em abril, que apontaram que os consumidores sentiram o aperto dos preços e juros em alta, antes de discussões cruciais sobre o teto da dívida do país.
O Departamento de Comércio informou que as vendas no varejo subiram 0,4% em abril, contra um aumento esperado de 0,8%. Mas a tendência subjacente foi sólida, apesar dos riscos crescentes de uma recessão neste ano.
As ações da Home Depot caíam 3,3%, atingindo seu nível mais baixo em mais de seis meses e pesando no Dow Jones depois que a empresa reduziu sua previsão anual de vendas.
Às 11:42 (de Brasília), o índice S&P 500 perdia 0,43%, a 4.118,66 pontos, enquanto o Dow Jones caía 0,71%, a 33.111,68 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq Composite recuava 0,09%, a 12.353,93 pontos.
Europa
As ações europeias caíram nesta terça-feira, com o tombo da empresa sueca de jogos Embracer após alertar sobre o balanço do ano. O índice pan-europeu STOXX 600 fechou em queda de 0,42%, a 464,70 pontos, com o setor varejista com o pior desempenho.
- Em LONDRES, o índice Financial Times recuou 0,34%, a 7.751,08 pontos.
- Em FRANKFURT, o índice DAX caiu 0,12%, a 15.897,93 pontos.
- Em PARIS, o índice CAC-40 perdeu 0,16%, a 7.406,01 pontos.
- Em MILÃO, o índice Ftse/Mib teve desvalorização de 0,17%, a 27.198,87 pontos.
- Em MADRI, o índice Ibex-35 registrou baixa de 0,11%, a 9.191,40 pontos.
- Em LISBOA, o índice PSI20 valorizou-se 0,31%, a 6.113,80 pontos.
Ásia
As ações chinesas caíram nesta terça-feira, repercutindo os dados de atividade de abril abaixo das expectativas, enquanto as ações de Hong Kong ficaram estáveis.
- Em TÓQUIO, o índice Nikkei avançou 0,73%, a 29.842 pontos.
- Em HONG KONG, o índice HANG SENG subiu 0,04%, a 19.978 pontos.
- Em XANGAI, o índice SSEC perdeu 0,60%, a 3.290 pontos.
- O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, retrocedeu 0,52%, a 3.978 pontos.
- Em SEUL, o índice KOSPI teve valorização de 0,04%, a 2.480 pontos.
- Em TAIWAN, o índice TAIEX registrou alta de 1,28%, a 15.673 pontos.
- Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES desvalorizou-se 0,02%, a 3.214 pontos.
- Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 recuou 0,45%, a 7.234 pontos.
*Com informações da Reuters.
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