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SO$ Finanças

Devo diversificar na renda fixa ou posso investir em um único papel?

Muitos associam a renda fixa a um investimento sem risco, o que é um erro

Resposta de Roberto Barreto (*)

Uma resposta simples e direta: sempre! Já diria o ditado popular, não coloque todos os seus  ovos em um único cesto, o risco é sempre maior.  

Muitos associam a renda fixa a um investimento sem risco, o que é um erro. Ao comprarmos  um título de renda fixa estamos emprestando o nosso dinheiro para alguém (emissor), por um prazo, e queremos receber juros (ou rendimentos) por este tempo.  

Temos que prestar atenção em pelo menos três questões quando estamos comprando um título  de renda fixa: 

1) Quem é o emissor do título? 

O emissor é o “alguém”, que pode ser o Tesouro Nacional (governo, ex. Tesouro Direto),  as Instituições Financeiras (ex. bancos, através de CDB, RDB, LCA/LCI, entre outros) ou  as empresas (ex. através de debêntures).  

Cada um destes emissores tem um risco de diferente, emprestar para o Tesouro  Nacional tem risco menor do que emprestar para as instituições financeiras e empresas. Ter maior risco deve trazer perspectiva de maior retorno, caso contrário, não faz sentido  tomar maior risco por uma expectativa de retorno menor ou igual.  

2) Qual é a liquidez do título?  

Se for diária, todo dia é possível resgatar o seu investimento, sem penalização, ou perda  de valor no resgate.  

Ou por um Prazo Determinado? Ao contratar o investimento, é definido um prazo em  que é possível resgatar os recursos, de modo a não influenciar os projetos em curso de  quem tomou o dinheiro emprestado. É possível solicitar o resgate antecipado em muitos  casos, porém há “multas” que podem resultar perda de capital. Neste caso, o nosso  resgate somente será possível ser realizado no prazo indicado, e ainda vai depender das  regras do título e da sua liquidez no mercado.  

3) Quais são os riscos do título? 

Ao emprestarmos o nosso dinheiro, estamos pelo menos assumindo alguns riscos,  vamos listar os principais abaixo: 

• Risco de Crédito – Esta semana estamos assistindo ao caso da Americanas (AMER3),  onde foi descoberto um problema em seu balanço, que pode afetar o seu resultado. Se  antes a empresa conseguia pegar empréstimo a uma taxa determinada taxa de juros,  hoje, até que a situação esteja esclarecida, ela terá que pagar mais prêmio (juros) para  conseguir um financiamento, visto o seu risco de crédito ter deteriorado. 

• Risco de Liquidez – Ao comprarmos um título de renda fixa, podemos ter facilidade ou  dificuldade em transformar este título em dinheiro (liquidez). Depende das regras do  título, bem como se existe a possibilidade de recompra pelo emissor ou possibilidade  de repassar o título para outros investidores. 

• Risco de mercado – o valor para liquidar o título de forma antecipada pode ser maior  ou menor que o combinado na data de vencimento, isto se ocorre pela percepção de  aumento ou diminuição do risco do título. Ou seja, podemos precisar dos recursos e  quando vamos sacar o dinheiro, ele está valendo mais ou menos do que deveria ser. 

Não vamos entrar na questão do FGC – Fundo Garantidor de Crédito, uma vez que ele é  específico para as instituições financeiras, para alguns títulos e limitado a R$ 250 mil por  CPF/Instituição. O que alertamos aqui é que apesar de ser uma proteção para o investimento,  temos o prazo para devolução dos recursos que não é definida previamente, pois depende da  liquidação da instituição (ver mais detalhes no próprio site do FGC – www.fgc.org.br)  

Ao pensarmos em investir nossos recursos em qualquer ativo, seja ele renda fixa ou não,  precisamos sempre alinhar o nosso objetivo de poupança ao tipo de investimento, por exemplo,  ao pensarmos em reserva de emergência, que é a parte de nosso patrimônio separada para  qualquer imprevisto no futuro, ele precisa estar em uma aplicação de baixo risco, com liquidez  diária e, de preferência com baixo risco de crédito. Sendo assim, iremos optar por colocar em Tesouro Nacional (Tesouro Direto – LFT), ou CDB do nosso banco referenciado ao DI, com  liquidez diária ou fundos de Renda Fixa com liquidez D+1 (no máximo) e com volatilidade baixa.  

Por outro lado, podemos ter um objetivo de prazo maior de 180 dias. Neste caso, podemos  incluir os LCA/LCI (que são isentos de IR), porém há carência para resgate (verificar com o seu  banco cada um deles).  

Por fim, a diversificação é o almoço grátis em investimentos, temos sempre que buscar distribuir  o nosso risco em diversos ativos, sejam eles renda fixa ou não. Lembrar de sempre alinhar os  seus investimentos aos seus objetivos, isto ajuda muito.  

(*) Roberto Barreto – Economista, MBA em Finanças e Análise de Ações, CEA, CNPI, planejador  financeiro FIDUC.

*As informações neste artigo são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews e das instituições com as quais ele possui ligação. Envie sua pergunta para [email protected]

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