Viver de renda é um assunto de crescente interesse entre brasileiros. Segundo a pesquisa FInfluence do IBPAD e Anbima, o perfil com maior crescimento nas redes tem esse mote: renda passiva. Contudo, para poder parar de trabalhar e viver de renda passiva é necessário preparo, organização e saber onde e como investir.
O que significa viver de renda?
Viver de renda significa ter todas as suas despesas pagas pelo rendimento de investimentos. Esses investimentos podem vir de diversas fontes diferentes, como dividendos de ações, rendimentos de fundos de investimento, títulos do Tesouro ou mesmo aluguel de imóveis.
Para Alexandre Amorim, analista CFP na ParMais, para viver de renda é necessário ter dois fatores em mente: a rentabilidade do investimento e o seu custo de vida. E é justamente no segundo que as pessoas costumam pecar.
“O que falta para muita gente é fazer as contas e ter os objetivos bem definidos. É uma conta simples, mas precisa ter o pé no chão. Considere a taxa de juros real, a inflação, e se você quer viver só de juros, mantendo o patrimônio, ou quer consumir o patrimônio, sem deixar nada”.
Segundo o analista, é necessário que o investidor, caso queira viver de renda, defina se quer uma renda perpétua ou uma renda vitalícia.
Renda perpétua
A renda perpétua é aquela que deriva dos juros dos investimentos realizados. Uma pessoa que receba de aluguel o suficiente para cobrir suas necessidades tem uma renda perpétua, isto é, aquilo que gera renda não é consumido no processo. Embora ele seja o mais procurado por investidores, é também o que demanda maior acúmulo de patrimônio.
Para ter uma renda perpétua, é necessário fazer o cálculo do custo de vida (considerando gastos fixos, como moradia, alimentação, necessidades básicas, além de uma quantia estipulada para o lazer) e reajustá-lo anualmente pela inflação e a taxa básica de juros (Selic).
Renda vitalícia
Já a renda vitalícia é aquela em que se acumula um patrimônio, e em seguida se consome esse patrimônio vivendo um tempo pré-determinado. Uma pessoa que tenha acumulado riqueza durante 50 anos de trabalho, entre 18 e 68 anos, pode querer consumir esse patrimônio em mais 20 anos.
Para isso, é necessário além de calcular o custo de vida e ajustá-lo pela inflação, ter em mente a expectativa de vida. Em 2022, a expectativa de vida do brasileiro médio é de 76,8 anos. O risco desse tipo de renda é quando se vive além da expectativa. Se nesse mesmo exemplo, o investidor tivesse vivido até os 90 anos, teria ultrapassado o tempo que acumulou riquezas para viver.
Como viver de renda?
Para conseguir viver de renda, Lai Santiago, educadora financeira da Open Co. recomenda um método para identificar quais os seus custos de vida, para pensar quanto é necessário para se viver de renda:
“Eu adaptei um método da minha primeira formação, enfermeira, muito similar ao método científico, para ajudar a pessoa a se organizar financeiramente. Esse método de quatro etapas te ajuda a se organizar quanto a suas finanças, e começar a investir”.
Segundo ela, o método consiste nos seguintes passos:
1. Levantar dados sobre os seus gastos, anotando o que é fixo e recorrente (média de contas, compras de mercado, aluguéis, assinaturas, etc.) e o que costuma variar (como shopping, saídas, etc.).
2. Analisar os possíveis gargalos financeiros, como taxas de cartões, assinaturas com pouco uso, saídas excessivas, etc. A partir dela, montar um plano de redução.
3. Pôr o plano de redução em prática, reduzindo gastos e quitando dívidas.
4. Revisar o plano periodicamente e identificar o que está funcionando, coletando os novos dados.
“O investidor também precisa entender que existem ciclos”, continua Lai. “Há o ciclo de acumulação, em que o investidor pode ser mais arrojado e procurar rentabilidades maiores, que é o seu período de trabalho, o de manutenção, em que esse patrimônio começa a ser assegurado em investimentos mais seguros, e o de aproveitamento, em que se colhem os frutos”.
Ainda de acordo com ela, existe hoje uma “febre da renda passiva”, em que as pessoas querem os louros sem sacrifícios. Alexandre concorda.“Uma pessoa responsável que fale de viver de renda vai ter que falar sobre renúncias, esforços e estudo. Temos que fugir das fórmulas mágicas, então se você se deparar com um, tome muito cuidado: alguém está ganhando com isso, e não vai ser o investidor. ‘Wall Street é o lugar onde pessoas que vão de limusine vão pedir conselho a quem vai de metrô’”, exemplificou.
Quanto dinheiro é preciso para viver de renda?
Não há uma quantia específica para viver de renda, mas sim diferentes investimentos que cobrem diferentes estilos de vida.
“Rico é o cara que consegue manter o seu padrão de vida, é quem pode gastar indefinidamente, não quem gasta indefinidamente”, diz Alexandre. “Eu mesmo assessorei um homem que tinha uma renda de R$ 100 mil, e se perdesse o emprego não poderia bancar o estilo de vida por um ano inteiro, e um pescador que, entre o aluguel de um barco e uma casa, vivia confortável e viajava esporadicamente. Quem está melhor? ”.
Uma vez que a pessoa tenha quitado as dívidas, construído sua reserva de emergência e determinado seu custo de vida, é hora de buscar rentabilidades que se aproximem do seu custo.
Melhores investimentos para viver de renda
Nessa etapa, o investidor pode começar a buscar investimentos que correspondam ao seu perfil e lhe permitam viver de renda. Existe uma gama deles, e a recomendação de ambos os especialistas é a mesma: buscar por segurança e estabilidade, em detrimento de rentabilidades mais elevadas.
“O melhor tipo de renda perpétua é direito autoral. Receber direito autoral é uma música que explodiu, por exemplo, e rende até hoje. Imóvel tem todos os riscos associados a inquilinos, manutenção, etc. Ativos de renda variável, como fundos imobiliários (FIIs) e ações, precisam ser olhados periodicamente. E no meio disso tudo, temos os títulos públicos, os títulos federais, a renda fixa. Temos títulos do governo que pagam juros em torno de 5,5% ao ano por 30 anos e garantindo correção pela inflação. O INSS é uma boa renda, considerando as contribuições feitas e o que você recebe no final das contas” afirma Alexandre.
Para determinar quanto um determinado patrimônio pode render, é necessário calcular a rentabilidade da carteira de investimentos, e então multiplicar pelo rendimento necessário para saber o tamanho do patrimônio.
Uma pessoa que tenha um custo de vida de R$ 5 mil, por exemplo, precisaria de R$ 1 milhão investidos em poupança, que hoje possui uma rentabilidade de 0,5% mais taxa referencial. Entretanto, se investisse em Fundos Imobiliários como o HCTR11, que teve uma rentabilidade de 17,38% ao ano em maio de 2022, receberia cerca de R$ 13,3 mil.
“Nós recomendamos que a carteira para viver de renda não dê preferência para renda variável. O objetivo dela é segurança, não rentabilidade máxima. Por isso ela pode, sim, ter sua parte em ações e FIIs, mas eu reforço a necessidade de alocação em ativos mais seguros”, explica Lai.
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