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Finanças

Selic em 10,75%: quanto rendem os investimentos e onde investir agora

Poupança, que passou a ter uma rentabilidade fixa após a última subida dos juros, ficou ainda menos atrativa perto de aplicações conversadoras.

Selic em 10,75%

Como já aguardado pelo mercado, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou nesta quarta-feira (02) a taxa básica de juros, Selic, em mais 1,5 ponto percentual, de 9,25% para 10,75% ao ano. É a primeira vez desde 2017 que o indicador atinge os dois dígitos. E agora, como fica a rentabilidade das principais aplicações de renda fixa? Onde investir? O InvestNews fez simulações e ouviu especialistas para entender o novo cenário.

Na ata da reunião anterior, realizada em dezembro, os membros do comitê já haviam sinalizado a manutenção de uma política monetária contracionista (alta dos juros), o que significa a adoção de medidas para ajudar a conter a subida de preços. Vale lembrar que o IPCA-15, considerado a prévia da inflação oficial, subiu 0,58% em janeiro, acima das expectativas do mercado.

Nesse sentido, a decisão desta quarta-feira tem o objetivo de levar a inflação para, pelo menos, 5% ao ano – considerado o teto da meta estipulada para 2022. A meta central é de 3,5%.

Selic em 10,75%

Mas as elevações dos juros não devem parar por aqui. O último Boletim Focus do Banco Central, divulgado toda segunda-feira, e que reúne a visão de uma série de economistas, aponta para uma Selic de 11,75% até o fim do ano.

Entretanto, Fabiano Santos, professor do MBA de finanças do Ibmec de Belo Horizonte, lembra que a elevação da Selic, sem a adoção de outras medidas, pode não ser suficiente para conter a subida de preços no país. “Uma das estratégias que sustentam a estabilidade da nossa moeda é o tripé macroeconômico. Ele é formado pelo equilíbrio dos gastos do governo, o que não vem acontecendo; além de inflação dentro da meta e o câmbio flutuante, que continua em patamar elevado, dificultando, inclusive, as exportações, que também ajudariam a controlar os preços”, reiterou.

Selic maior, poupança congelada

Desde a penúltima reunião do Copom, quando o BC elevou a Selic para 9,25%, a caderneta de poupança voltou a ter retorno fixo. Isso porque, a partir de 2012, sua rentabilidade passou a depender do patamar dos juros. A regra é a seguinte: quando a Selic estiver menor ou igual a 8,5% ao ano, a poupança rende 70% da Selic mais a taxa referencial (TR). Em contrapartida, se a taxa de juros ficar acima de 8,5% ao ano (como agora), a caderneta passa a ter um retorno fixo de 0,5% ao mês mais a TR (ou 6,17% ao ano). Saiba mais detalhes.

Portanto, mesmo com a alta da Selic, a partir de agora nada muda para os poupadores. Ao levar em conta a inflação prevista pelo último boletim Focus, em 5,29% para o período de 12 meses, o rendimento real da caderneta permanece em 0,83%.

O fato é que, com esse novo cálculo, o retorno da poupança permanece o mesmo, ainda que o CDI (Certificado de Depósito Interbancário) continue subindo. Este indicador acompanha a variação da taxa Selic e é usado como referência para boa parte dos investimentos em renda fixa.

Selic em 10,75%: quanto rendem as aplicações?

Com esse novo aumento dos juros, aplicações que acompanham o CDI ou a própria Selic se tornam ainda mais atrativas se comparadas à poupança. São eles:

  • Certificado de Depósito Bancário (CDBs) (títulos de dívida de bancos)
  • Tesouro Direto (papéis de dívida do governo)
  • Letras de Crédito Imobiliário (LCI)
  • Letras de Crédito do Agronegócio (LCA)

Quanto rende R$ 1.000 com a nova Selic?

A pedido do InvestNews, Samy Dana, economista e apresentador do Cafeína, calculou os rendimentos embolsados em diferentes modalidades com a Selic em 10,75%. Ao aportar R$ 1.000 na poupança por um ano, por exemplo, o poupador terá um rendimento real de R$ 8,34 ao final de 12 meses, já descontando a inflação.

Enquanto isso, ao investir o mesmo montante em um CDB que remunere 100% do CDI, o ganho para o investidor será de R$ 32,30, depois de 12 meses, já levando em conta o pagamento da alíquota de 17,5% de Imposto de Renda que incide sobre o rendimento (caso o dinheiro fique aplicado entre 361 dias e 720 dias).

Essa diferença é ainda mais perceptível quando a caderneta é comparada ao investimento em LCIs e LCAs, já que as letras são isentas de Imposto de Renda (confira na tabela abaixo).

Ilustração de quanto rende mil reais em um ano com a taxa Selica antiga e a atual
Quanto rende R$ 1.000 com a Selic em 10,75%.

Renda fixa: o que rende mais

Eduardo Perez, analista de investimentos da NuInvest, explica que o investidor não deve focar apenas nas taxas oferecidas em busca das maiores rentabilidades, mas também nos riscos associados. “Ele precisa ponderar o prazo e o risco do investimento já que as taxas sobem conforme essas duas variáveis aumentam”.

Considerando que o Tesouro Direto tem o menor risco de crédito, por ser quase nula a possibilidade do governo dar calote, Perez recomenda ao investidor comparar, por exemplo, a remuneração oferecida por um CDB prefixado (quando o retorno pago na data de vencimento do título é previamente informado) e um título público com as mesmas características. “Desta forma, ele vai saber se terá uma remuneração maior, mas por um risco de crédito maior também”.

Ilustração dos ganhos com a renda fixa com a mudança da Selic

Melhores investimentos de renda fixa

Para Vitória Leyne, assessora de investimentos da Phi Investimentos, as aplicações em títulos pós-fixados (quando a rentabilidade acompanha a própria Selic ou CDI) e atrelados ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o índice da inflação oficial do país, são os mais indicados no momento. “A tendência é que a inflação continue aumentando e a taxa de juros também”, explicou.

Roberto Motta, chefe da mesa de derivativos da Genial, também recomenda a compra de modalidades atreladas à inflação, por ajudarem a proteger o patrimônio de oscilações de preços, além de papéis isentos de Imposto de Renda. LCIs e LCAs, modalidades praticamente idênticas ao CDB, porém sem a incidência de IR, e debêntures incentivadas (dívidas de empresas) são alguns exemplos.

Porém, Motta acrescenta que essas aplicações têm data certa para o resgate. “Como não existe almoço grátis, essas aplicações têm o problema de falta de liquidez, e o investidor será penalizado se precisar resgatar o dinheiro antes do prazo de vencimento. Portanto, este trio (LCIs, LCAs e debêntures) é exclusivo para quem não vai precisar do dinheiro até o resgate”.

Isso porque, ao sacar o dinheiro antes da data final, o investidor vai enfrentar a famosa “marcação ao mercado”, ou seja, ele precisará vender seu papel ao preço que o mercado estiver disposto a pagar na ocasião, o que pode ser, inclusive, inferior ao montante investido.

Além disso, diz Motta, nada de investir a reserva de emergência nessas aplicações com prazos pré-determinados. O dinheiro guardado para bancar eventuais necessidades do dia a dia deve ser destinado a modalidades que garantem ao investidor a possibilidade de acessar os recursos com rapidez, como a própria poupança, o Tesouro Selic e CDBs com liquidez diária.

Por outro lado, para quem tem um perfil menos conservador e disponibilidade para esperar o título vencer, o especialista da Genial recomenda uma carteira com 40% de títulos atrelados ao IPCA (especialmente com isenção de Imposto de Renda), 30% em títulos pós-fixados e 30% em prefixados.

Na opinião do especialista, com os prefixados, o investidor poderá se beneficiar caso haja uma redução da taxa e da própria inflação, o que está previsto para ocorrer a partir de 2023, de acordo com o boletim Focus. Por outro lado, quem precisa de mais liquidez, poderá distribuir o dinheiro da seguinte forma: 60% nos pós-fixados, 20% em títulos atrelados ao IPCA e 20% em prefixados.

Impacto da Selic na renda variável?

Para Motta, da Genial, o impacto desta última decisão do BC nas ações da bolsa de valores deve ser marginal. “Não é esse drive que a bolsa brasileira está olhando hoje. O nosso mercado de renda variável está muito mais ligado ao apetite do investidor estrangeiro por empresas de commodities”, explicou o especialista da Genial. Essa é a mesma visão de Eduardo Perez, da NuInvest. “O impacto é mínimo porque esse aumento de 1,5 ponto percentual já está precificado”, disse.

E a aposentadoria?

Confira abaixo quanto seria possível acumular aos 65 anos, se levada em conta um investimento que ofereça rentabilidade com base na Selic atual de 10,75%. Confira o Simulador de aposentadoria do Investnews.

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Este conteúdo é de cunho jornalístico e informativo e não deve ser considerado como oferta, recomendação ou orientação de compra ou venda de ativos.

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