O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, operou em queda nesta segunda-feira (14), descolando dos mercados globais, em dia de sinalizações de mais negociações entre Ucrânia e Rússia, ainda que os bombardeios em cidades ucranianas continuem. Além disso, o mercado aguarda as decisões de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos nesta semana.
Por outro lado, uma “tempestade perfeita” empurrou o dólar para cima, com a moeda norte-americana saltando mais de 1% e chegando a superar R$ 5,14 na máxima, conforme operadores correram para a segurança do ativo em meio a um exterior arisco e a renovados riscos fiscais no Brasil.
No dia, o Ibovespa caiu 1,6%, aos 109.927 pontos, sua terceira baixa seguida e o menor patamar de fechamento desde 24 de janeiro. Já o dólar encerrou com alta de 1,30%, comercializado a R$ 5,1195.
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Guerra na Ucrânia
A vice-secretária de Estado dos Estados Unidos, Wendy Sherman, afirmou que a Rússia pode estar disposta a manter negociações substanciais com a Ucrânia, enquanto uma autoridade ucraniana disse que a comunicação entre os dois lados é difícil, mas continua.
Os dois países deram início a discussões sobre um cessar-fogo, retirada imediata das tropas e garantias de segurança, apesar do bombardeio de um prédio residencial em Kiev.
“O que devemos focar é que as discussões entre Rússia e Ucrânia continuarão. Isso é positivo”, disse Thomas Hayes, presidente e membro executivo da Great Hill Capital.
O alívio no noticiário envolvendo a guerra, no entanto, derrubou os contratos futuros de produtos como petróleo, milho, trigo, minério de ferro e aço, entre várias outras commodities.
De olho nos juros
Enquanto isso, investidores ficaram atentos às reuniões de política monetária de vários bancos centrais nesta semana, incluindo do Federal Reserve (Fed), dos Estados Unidos, e do Banco Central do Brasil.
Por aqui, há ampla expectativa de que a taxa Selic será elevada em 1 ponto percentual, a 11,75% ao ano, mas o foco estará nas indicações do BC sobre seus próximos passos.
Em relatório divulgado nesta segunda-feira, o Credit Suisse disse que “dada a elevada inflação atual e o alto nível de indexação da economia, que aumenta a persistência da inflação, esperamos que o BC continue apertando ainda mais a política monetária e por mais tempo”. Na semana passada, o banco privado elevou sua projeção para a inflação de 2022 a 7%, vendo a Selic em 13,25% até o fim do ano.
O mercado elevou com força as perspectivas para a inflação neste ano acima de 6% e passou a ver maior aperto monetário, segundo pesquisa Focus divulgada pelo BC nesta segunda.
Os especialistas consultados aumentaram a projeção para a alta do IPCA este ano a 6,45%, de 5,65% na semana anterior, muito acima do teto da meta, de 5%.
As intensas pressões inflacionárias levaram os economistas a elevar as projeções para a taxa básica de juros tanto este ano quanto no próximo, a 12,75% e 8,75%, respectivamente. A pesquisa anterior apontava expectativa de uma taxa de 12,25% em 2022 e 8,25% em 2023.
Já no cenário norte-americano, há ampla expectativa de que o Fed elevará os juros em 0,25 ponto percentual nesta semana, pressionado pela disparada da inflação, atualmente numa máxima em mais de 40 anos na maior economia do mundo.
Tanto o Banco Central do Brasil quando o Federal Reserve anunciarão suas decisões de política monetária na quarta-feira, ao fim de reuniões de dois dias.
Também sobre os pontos de atenção sob o radar dos investidores, Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos, comenta que “o aumento do número de casos de covid na China, que vem adotando de forma draconiana a política do ‘covid zero’, implantando restrições extremas na menor possibilidade do avanço de casos, o que pode impactar novamente a cadeia de produção do lado da oferta, bem como colaborar para desaceleração da economia chinesa e global”.
Bolsas mundiais
Wall Street
Os índices acionários norte-americanos S&P 500 e Nasdaq Composite encerraram em baixa nesta segunda-feira, com investidores vendendo nomes de tecnologia e de alto crescimento antes da reunião do banco central norte-americano desta semana, cujo desfecho deverá trazer uma alta de juros. O índice Dow Jones ficou estável, com algum suporte de papéis financeiros e de saúde.
O índice S&P 500 fechou em queda de 0,74%, a 4.173,11 pontos. O Dow Jones ficou estável, a 32.945,24 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq Composite recuou 2,04%, a 12.581,22 pontos.
Europa
As ações europeias subiram, em meio a esperanças sobre esforços diplomáticos de Ucrânia e Rússia para encerrar o conflito que já dura semanas. O índice pan-europeu STOXX 600 fechou em alta de 1,20%, a 436,35 pontos, e ampliou ganhos de sexta-feira, quando o presidente russo, Vladimir Putin, sinalizou uma mudança positiva nas negociações com a Ucrânia.
- Em LONDRES, o índice Financial Times avançou 0,53%, a 7.193,47 pontos.
- Em FRANKFURT, o índice DAX subiu 2,21%, a 13.929,11 pontos.
- Em PARIS, o índice CAC-40 ganhou 1,75%, a 6.369,94 pontos.
- Em MILÃO, o índice Ftse/Mib teve valorização de 1,67%, a 23.426,70 pontos.
- Em MADRI, o índice Ibex-35 registrou alta de 1,13%, a 8.234,40 pontos.
- Em LISBOA, o índice PSI20 desvalorizou-se 0,60%, a 5.574,56 pontos.
Ásia e Pacífico
As ações chinesas caíram com força nesta segunda-feira uma vez que o salto nos casos de Covid-19 afeta ainda mais as perspectivas econômicas, enquanto preocupações com regulações e riscos de deslistagens pelos Estados Unidos levaram as gigantes de tecnologia listadas em Hong Kong a nova mínima.
- Em TÓQUIO, o índice Nikkei avançou 0,58%, a 25.307 pontos.
- Em HONG KONG, o índice HANG SENG caiu 4,97%, a 19.531 pontos.
- Em XANGAI, o índice SSEC perdeu 2,60%, a 3.223 pontos.
- O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, retrocedeu 3,06%, a 4.174 pontos.
- Em SEUL, o índice KOSPI teve desvalorização de 0,59%, a 2.645 pontos.
- Em TAIWAN, o índice TAIEX registrou baixa de 0,01%, a 17.263 pontos.
- Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES desvalorizou-se 0,54%, a 3.232 pontos.
- Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 avançou 1,21%, a 7.149 pontos.
* Com informações da Reuters.
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