O Ibovespa, principal índice da B3, fechou o mês de maio com um novo recorde nesta segunda-feira (31), acima dos 126 mil pontos. A bolsa brasileira encerrou em alta pelo terceiro mês seguido, contrariando o ditado ‘sell in May and go away’ (venda em maio e vá embora), comum em Wall Street.
O Ibovespa subiu 0,52%, aos 126.216 pontos, maior patamar nominal de fechamento da história da bolsa. No mês de maio, acumulou valorização de 6,16%. Já o dólar subiu 0,25%, comercializado a R$ 5,2243. Em maio, a moeda dos EUA acumulou queda de 3,81%
Maiores altas
A maior alta do mês foi da empresa de geração de energia Eneva (ENEV3) que subiu 25,84%. Segundo Juan Espinhel, especialista em investimentos da Ivest Consultoria, a companhia apresentou bons resultados operacionais no 1º trimestre de 2021, com crescimento de 13%. O ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) consolidado também teve valorização de 1,6% em 1 ano. “Um resultado operacional positivo indica melhorias nas operações da companhia”, defende.
Para Espinhel essa evolução é puxada também pela crise hídrica, que tem influenciado nos preços das companhias elétricas com um patamar mais elevado na bandeira tarifária previsto para o mês de junho. Com a pior seca em 11 anos e o risco de racionamento, o especialista defende que companhias alternativas na geração de energia como Eneva acabam se beneficiando.
Na segunda posição, a BRF (BRFS3) valorizou 23,76%, puxada pela pressão compradora do mercado. A principal notícia foi que a Marfrig (MRFG3) adquiriu 24,25% de participação no capital social da BRF com o objetivo de diversificar os negócios.
Outro fluxo comprador que favoreceu as ações foi do J.P. Morgan, o banco aumentou sua participação na BRF para o patamar de 7,15% alegando questões de estratégia. Espinhel reforça que o setor de frigoríficos também se beneficia da tentativa da China de regular o preço das commodities, entre estas os grãos. “A pressão da China ajuda a controlar os custos”, defende.
E a terceira maior alta do mês foi da Cielo (CIEL3) , as ações da companhia saltaram 22,69%. Apesar da empresa enfrentar incerteza desde 2018, perdendo espaço para as concorrentes, a notícia de que a também adquirente Alelo vai lançar um superapp e entrar no segmento de delivery, acabou impactando na Cielo. “O mercado enxergou uma possível separação entre os sócios Bradesco e Banco do Brasil, o que daria lugar a uma recompra das ações da Cielo no patamar de R$ 5”, avalia.
Mesmo com esse panorama promissor para a Cielo no mês de maio, Espinhel alerta que ainda se trata de uma companhia que sofre diversas transformações e que apresenta um futuro incerto para muitos investidores.
Confira as 10 maiores altas do mês de maio*
Ação | Alta |
Eneva (ENEV3) | 25,84% |
BRF (BRFS3) | 23,76% |
Cielo (CIEL3) | 22,69% |
Ambev (ABEV3) | 20,08% |
Cia Hering (HGTX3) | 20,06% |
Eletrobras (ELET3) | 18,84% |
Iguatemi (IGTA3) | 17,91% |
Eletrobras (ELET6) | 17,41% |
brMalls (BRML3) | 17,33% |
Qualicorp (QUAL3) | 16,24% |
*Dados: Valor Pro
Maiores quedas
A maior baixa do mês foi da Suzano (SUZB3) que fechou maio com desvalorização de 11,58%. Segundo Caio Kanaan Eboli, diretor operacional da mesa proprietária Axia Investing, a forte correlação da companhia com o dólar explicaria a sua queda. Outro fator que impactou no preço da ação foi a notícia de que o BNDES zerou sua posição na concorrente Klabin (KLBN11), o que acabou repercutindo também na Suzano. Contudo, segundo Kanaan isso não muda a tendência de alta do papel.
Na segunda posição entre as maiores quedas está a Usiminas (USIM5) que recuou 11,56%. Para o diretor operacional, os preços do aço continuaram surpreendendo positivamente e beneficiaram a companhia em maio, com forte demanda a nível global. Contudo, nos últimos 12 meses o papel já teve uma valorização expressiva de 370%, o que deu lugar a uma correção nos ganhos. “O papel parece ter encontrado um suporte na casa dos R$ 18,90 e avança em busca da sua próxima resistência no patamar de R$ 24,35”, afirma.
Outra companhia que também sofreu os efeitos da realização de lucros foi o Banco Inter (BIDI11) que fechou o mês em baixa de 11,53%. Kanaan aponta que o banco divulgou em maio seus resultados com um lucro líquido de R$ 20,8 milhões para o 1º trimestre de 2021, revertendo prejuízo de R$ 8,4 milhões no mesmo período em 2020.
O banco Inter também teve um salto de 106% no número de clientes, passando de 4,9 milhões de contas digitais, nos três primeiros meses de 2020, para 10,2 milhões no 1º trimestre deste ano. Ele explica que o preço da ação estava perto do seu topo histórico de R$ 78,54, mas apesar dos resultados positivos foi inevitável a queda dos preços puxada pela vontade dos investidores de embolsar os ganhos.
Ainda entre as quedas, a B2W (BTOW3) recuou 11,24%, as ações da companhia apresentaram um desempenho ruim neste mês pressionados pelo movimento de rotação das carteiras. “Contribuiu também a influência dos players do e-commerce no exterior, entre estes a Amazon”, afirma Kanaan. A curto prazo ele ainda enxerga uma perspectiva de baixa para a companhia, caso a ação caia abaixo dos R$ 57.
Confira as 10 maiores quedas do mês de maio*
Ação | Queda |
Suzano (SUZB3) | -11,58% |
Usiminas (USIM5) | -11,56% |
Banco Inter (BIDI11) | – 11,53% |
B2W (BTOW3) | -11,24% |
Ultrapar (UGPA3) | -8,72% |
Sabesp (SBSP3) | -8,53% |
CSN (CSNA3) | -7,66% |
Klabin (KLBN11) | -5,6% |
Marfrig (MRFG3) | -5,26% |
Braskem (BRKM5) | -4,76% |
*Dados: Valor Pro
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