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Finanças

Após bater R$ 5,57, dólar cai com intervenção do BC; Ibovespa fecha em alta

Bolsa brasileira acompanha reação a resultados corporativos nos EUA, mas temores sobre juros afetam o câmbio.

dólar

Após passar de R$ 5,57 na máxima do dia nesta quarta-feira (13), o dólar passou a cair e chegou a ficar abaixo de R$ 5,50, após intervenção surpresa do Banco Central. O Ibovespa, principal índice da B3, fechou em alta, acompanhando o mercado externo.

O Ibovespa subiu 1,14%, aos 113.456 pontos. O dólar caiu 0,51%, a R$ 5,5081, após alcançar mais cedo R$ 5,5731 na máxima do dia e R$ 5,4991 na mínima.

Dólar cai após ação do BC

O Banco Central despejou US$ 1 bilhão no mercado de câmbio por meio de uma venda surpresa de contratos de swap cambial tradicional, provocando uma reviravolta no dólar, que despencou após o anúncio do leilão e aprofundou as perdas após a divulgação do resultado.

O volume injetado nesta quarta-feira foi o dobro do colocado na última vez que o BC recorreu a esse instrumento de forma extraordinária, em 30 de setembro.

O BC vendeu 20 mil contratos de swap cambial tradicional nesta quarta, pegando de surpresa o mercado. O vencimento para 1º de fevereiro de 2022 abarcou 3.400 contratos, enquanto os 16.600 restantes foram negociados para 1º de junho de 2022.

O anúncio do leilão de swap ocorreu num dia em que o real estava visível e negativamente descolado de seus pares. Com o anúncio da oferta e a posterior divulgação de seu resultado, o dólar desabou, chegando à mínima de R$ 5,4991, segundo o Valor Pro.

O swap é um derivativo que permite troca de taxas ou rentabilidade de ativos financeiros. No caso do swap cambial tradicional, o título paga ao comprador a variação da taxa de câmbio acrescida de uma taxa de juros (cupom cambial). Em troca, o BC recebe a variação da taxa Selic.

O objetivo do BC com esse instrumento é evitar movimento disfuncional do mercado de câmbio, provendo hedge cambial – proteção contra variações excessivas do dólar em relação ao real – e liquidez aos negócios. A colocação de contratos de swap tradicional, portanto, funciona como injeção de dólares no mercado futuro.

Alta da bolsa

Os principais índices das bolsas de Nova York subiam após o início da temporada de balanços do terceiro trimestre, com JPMorgan (JPMC34) superando projeções, mas apoiados também em ações de gigantes de tecnologia.

O movimento se refletia também na bolsa brasileira, com papéis de bancos digitais e de empresas de comércio eletrônico, que vinham acumulando fortes perdas nas últimas semanas. Grupos ligados a consumo de forma geral eram destaques positivos.

Esse movimento era contrabalançado por perdas das ações de maior peso no Ibovespa, sobretudo de empresas ligadas a metais, casos de Vale e siderúrgicas, além dos grandes bancos.

Destaques da bolsa

Vale (VALE3e PetroRio (PRIO3), que vinham de pregões com valorização, estavam entre as principais baixas do Ibovespa, caindo 2,93% e 3,02%, respectivamente. Na outra ponta, as ações de Cogna (COGN3) performavam entre as maiores valorizações, subindo 6,42% em dia positivo para as companhias do setor de educação. Veja os destaques da bolsa de valores.

Cenário externo

No exterior, o Departamento do Trabalho dos EUA informou que o índice de preços ao consumidor subiu 0,4% no mês passado, avançando 5,4% nos 12 meses até setembro. A leitura veio acima da expectativa de economistas consultados pela Reuters, que projetavam alta de 0,3% do índice de preços ao consumidor.

“Dado de hoje ainda sugere inflação pressionada“, disse Artur Lula Motta, da equipe de estratégia e pesquisa macro do BTG Pactual, em post no Twitter, ressaltando que os mercados elevaram as apostas em elevação de juros nos Estados Unidos no terceiro trimestre de 2022.

Os futuros dos juros norte-americanos sugerem agora que os operadores enxergam chance de 90% de elevação da taxa até setembro de 2022.

A leitura vem depois de um importante relatório do governo de sexta-feira passada, o payroll, mostrar que foram criadas apenas 194 mil empregos nos EUA em setembro, leitura bem abaixo das expectativas.

“Ainda que alguns analistas considerem que os dados (dos EUA) estão mostrando um comportamento misto, nossa avaliação é que, pelo menos até o momento, eles dão suporte ao início da redução da compra de ativos por parte do Fed”, disseram em nota analistas da Genial Investimentos.

A perspectiva de reversão iminente das medidas que sustentaram os mercados financeiros globais durante a crise da pandemia e a antecipação das apostas de elevação de juros nos EUA – à medida que a inflação segue alta – tende a beneficiar a moeda norte-americana, uma vez que pode redirecionar recursos para os Estados Unidos, país considerado opção segura para investimentos.

O dia foi marcado ainda pela divulgação da ata da última reunião do Federal Reserve (Fed). Membros do banco central dos Estados Unidos sinalizaram que podem começar a reduzir o suporte à economia adotado em meio à crise em meados de novembro, embora continuem divididos sobre a ameaça da inflação alta e o quão cedo podem precisar começar a elevar os juros em resposta, mostrou nesta tarde a ata da reunião de 21 e 22 de setembro.

Fatores internos

Além de fatores internacionais de impulso para o dólar, investidores apontam incertezas políticas e fiscais domésticas como fatores que explicam a depreciação da moeda brasileira para os patamares atuais, bem como a percepção de que o Banco Central não tem combatido a inflação local com a agressividade necessária.

A taxa Selic está atualmente em 6,25% ao ano, depois de elevação de 1 ponto percentual no último encontro da autarquia. Antes da reunião de política monetária de setembro, alguns operadores chegaram a precificar aumento de até 1,5 ponto.

O diretor de Política Econômica do Banco Central, Fabio Kanczuk, afirmou nesta quarta-feira que o ajuste de 1 ponto na Selic sinalizado pelo BC para o ciclo de aperto monetário não é um compromisso e pode mudar dependendo das condições, citando como risco uma mudança muito grande no regime fiscal.

Bolsas mundiais

Wall Street

O S&P 500 terminou em alta nesta quarta-feira, impulsionado por ganhos em ações de grandes nomes de crescimento como Amazon.com e Microsoft, mas os papéis do JPMorgan caíram e contiveram a valorização do índice, embora o banco tenha superado as expectativas de lucro.

  • O Dow Jones caiu 0,53 pontos para 34.377,81 pontos
  • O S&P 500 avançou 0,30%, para 4.363,8
  • O Nasdaq Composite subiu 0,73%, para 14.571,64 pontos.

Europa

As ações europeias subiram nesta quarta-feira, com uma previsão de balanço otimista do grupo alemão de software SAP e as robustas vendas trimestrais da fabricante francesa de produtos de luxo LVMH ajudando a aliviar preocupações com a inflação.

  • Em LONDRES, o índice Financial Times avançou 0,16%, a 7.141,82 pontos.
  • Em FRANKFURT, o índice DAX subiu 0,68%, a 15.249,38 pontos.
  • Em PARIS, o índice CAC-40 ganhou 0,75%, a 6.597,38 pontos.
  • Em MILÃO, o índice Ftse/Mib teve desvalorização de 0,12%, a 25.958,69 pontos.
  • Em MADRI, o índice Ibex-35 registrou baixa de 0,61%, a 8.881,40 pontos.
  • Em LISBOA, o índice PSI20 valorizou-se 0,56%, a 5.593,36 pontos.

Ásia e Pacífico

As ações da China fecharam em alta nesta quarta-feira, impulsionadas pelas ações de consumo e tecnologia depois que dados comerciais domésticos melhores do que o esperado diminuíram temores de desaceleração econômica alimentados por uma crise de energia e pelo endividamento da Evergrande.

  • Em TÓQUIO, o índice Nikkei recuou 0,32%, a 28.140 pontos.
  • Em HONG KONG, o índice HANG SENG permaneceu fechado.
  • Em XANGAI, o índice SSEC ganhou 0,42%, a 3.561 pontos.
  • O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, avançou 1,15%, a 4.940 pontos.
  • Em SEUL, o índice KOSPI teve valorização de 0,96%, a 2.944 pontos.
  • Em TAIWAN, o índice TAIEX registrou baixa de 0,70%, a 16.347 pontos.
  • Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES valorizou-se 1,43%, a 3.156 pontos.
  • Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 recuou 0,11%, a 7.272 pontos.

(*Com informações de Reuters)

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