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Quanto custa morar sozinho? Veja o cálculo completo e dicas para economizar

Especialistas ensinam a se planejar para conseguir pagar as contas e conquistar a independência financeira.

Mulher sozinha em casa

Diversos são os motivos para decidir morar sozinho. Uma questão importante é saber quanto custa esta escolha. Afinal, muitas vezes, ao morar com familiares, não se tem despesas mensais ou são poucas e menores. Por isso, decidir morar só exige organização financeira.

Larissa Brioso, educadora financeira da Mobills, explica que, ao decidir morar por conta própria, deve-se tratar esta decisão como um objetivo financeiro, já que é uma escolha que envolve as finanças e, sem um bom controle do dinheiro, este momento pode virar um pesadelo.

O economista e planejador financeiro Fabio Louzada aponta que o planejamento financeiro é um primeiro passo para este momento de vida, pois é preciso ter bem definido quanto se gasta e quanto se ganha.

“Sempre é preciso olhar receitas e despesas. Se gasta muito mais, vira bola de neve e rapidamente a pessoa vai se endividar, pegar empréstimo em banco com juros alto. Em um primeiro momento, é bom fazer o planejamento para ter ideia de gastos e ver os efeitos dele como um todo. É uma forma para se ter ideia dos custos fixos. Existem vários aplicativos e até mesmo as planilhas do Excel que ajudam a fazer esse planejamento”, recomenda.

Brioso alerta que, ao morar sozinho, é importante fazer o quanto antes a organização financeira deste objetivo e considerar todos gastos que envolvem a moradia e as despesas recorrentes. Para isso, ela recomenda fazer pesquisas de preços para a pessoa saber o orçamento que será necessário para este objetivo.

“A partir do momento que se entende o valor deste objetivo, é preciso começar a organizá-lo antes mesmo de morar sozinho para ter esse dinheiro logo de início ou verificar se será preciso fazer renda extra para se manter”, afirma.

Desta forma, entender estes custos é fundamental para viver esse momento da vida sem preocupações financeiras.

Para isso, confira quanto custa morar sozinho e como é possível economizar dinheiro para não ter dor de cabeça com esta escolha de vida.

O que é preciso para morar sozinho?

Cada pessoa tem seu estilo de vida, gostos, interesses e necessidades. Por isso, morar sozinho pode ter significados e objetivos diferentes para cada um. Especialistas consultados pelo InvestNews apontam que o primordial é ter muito claro o momento financeiro atual, o quanto a decisão impactará no orçamento e se existem condições financeiras de seguir com esta escolha. Por isso, o planejamento financeiro é essencial.

Brioso explica que diversos modelos de orçamento podem contribuir neste processo. Segundo ela, o primeiro passo é fazer um diagnóstico financeiro, que ajudará a entender onde a pessoa está hoje, se é mais consumista ou poupadora, como também para conseguir mapear tudo o que tem de despesas necessárias e de desejos pessoais.

A planejadora financeira afirma que é importante que seja determinado a porcentagem de despesa com categoria e subcategoria, como moradia (aluguel, água, energia e internet), alimentação (supermercado e restaurante, quando necessário), gasto com educação (cursos e livros), saúde (plano de saúde e remédios). E que deve haver também uma meta de poupança para investimento.

“Com essas categorias bem estruturadas, a pessoa vai orçar um teto de gasto para cada uma delas. A partir do momento que foram orçadas previsões de gastos, é possível entender o modelo de orçamento que pode ser ideal, mediante as despesas que se tem. O orçamento varia muito de pessoa para pessoa. Então, é importante entender e definir o seu melhor modelo de orçamento, dividindo ele em porcentagens para despesas essenciais, supérfluas e para investimentos, como, por exemplo, 50%, 30% e 20%”, ressalta.

Quanto custa morar sozinho?

Mulher utiliza computador para fazer cálculo de quanto custa morar sozinho.

Fazer o cálculo de quanto custa morar sozinho é relativo, pois dependerá do momento financeiro de vida da pessoa, da região que optou por morar, se escolheu por aluguel ou financiamento, se decidiu dividir a moradia com mais alguma pessoa, bem como os gastos do dia a dia.

Porém, algumas despesas costumam ser básicas e é importante ter atenção a elas mensalmente. Confira:

Moradia

Esta é uma das decisões mais importantes a se tomar, depois que a pessoa optou por morar sozinha. É preciso muita atenção e pesquisa. Afinal, residir em apartamento, casa, imóvel alugado ou financiado estará de acordo com gosto, preferência e necessidade de cada um, mas tem um grande peso no orçamento do mês. A depender da escolha, os preços podem variar muito.

Louzada recomenda que a despesa com moradia seja equivalente a, no máximo, 30% da receita, para não comprometer muito o orçamento, até porque existem gastos com a manutenção do local também. De acordo om base em dados de 25 cidades monitoradas pelo Índice FipeZap de locação residencial, o preço médio do aluguel encerrou o mês de agosto em R$ 30,78/m². 

Móveis e mudança

Ao decidir morar sozinho, os gastos já começam pela mudança, caso a pessoa tenha móveis a serem levados. Esta pode ser uma boa forma de economizar, já que não será necessária a compra de novos.

E para colaborar ainda mais para economizar dinheiro neste momento, Louzada sugere que pesquise, converse e faça pechincha com transportadoras, pois é possível conseguir descontos e até mesmo aproveitar algum caminhão que não esteja completamente ocupado e pode fazer a mudança junto com a de outra pessoa que pode estar indo para alguma região próxima.

O valor também é relativo, pois dependerá da quantidade de móveis, do deslocamento que será necessário fazer e da cidade onde mora. Caso a pessoa conheça alguém que tenha um carro mais espaçoso e disponibilidade para fazer o transporte pode ser mais uma alternativa de economizar neste momento.

Caso a decisão tenha sido a compra de móveis novos, os especialistas ouvidos pelo InvestNews recomendam cautela. Afinal, existe muita facilidade de compra, por meio de parcelamento, mas é preciso se atentar o quanto essas parcelas comprometerão o seu orçamento como um todo.

“É importante avaliar o valor sempre em cima do custo total do produto. Às vezes, a parcela cabe no mês, mas o total compromete todo o fluxo financeiro. É claro que pode fazer parcelamento, mas precisa ter muito cuidado. É olhar móvel a móvel, o valor de cada um e o impacto como um todo deles no orçamento”, esclarece Louzada.

Contas fixas e variáveis

É importante ter atenção redobrada com as contas, sejam fixas,  aquelas que não vão oscilar dentro do mês, como aluguel, financiamento e condomínio, por exemplo, e as variáveis, que são as que têm valores diferentes a cada mês, como gastos com água e luz.

É válido fazer essa diferenciação e ter o controle destas contas, pois, além de colaborar para a economia de dinheiro, não vai impactar no orçamento. Louzada recomenda que estes gastos fiquem entre 20% a 30% da renda.

Mercado

Este é outro gasto essencial e que também precisa de cuidado e planejamento por quem optou morar sozinho, para não se comprar além do que precisa e não correr o risco de acabar pagando mais caro por um mesmo produto.

Brioso explica que, muitas vezes, ao definir um teto para supermercado, esse gasto pode acabar limitando os produtos que a pessoa tem a necessidade de comprar devido à inflação, já que se pode acabar não conseguindo manter a compra dos mesmos produtos com a mesma quantia ao longo do tempo.

Para saber quanto a pessoa tem de despesas em supermercado, ela orienta fazer uma lista de compras, com qual e o quanto consome de cada produto, fazer uma pesquisa de preços deles, seja por aplicativos ou no próprio supermercado, e multiplicar o valor de cada produto pela quantidade. Com base nisso, é possível ter uma estimativa de quanto gastará por mês com supermercado.

Segundo a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, realizada pelo DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) em 17 capitais, Porto Alegre (RS) tem a cesta básica mais cara do país, que totaliza R$ 664,67. Já em Aracaju (SE) é  onde a cesta é a mais barata entre as cidades pesquisadas, R$ 456,40. Em São  Paulo, o custo da cesta básica no mês passado ficou em R$ 650,50

Farmácia e saúde

É importante lembrar, e considerar no orçamento mensal, gastos com saúde, incluindo desde plano, para quem optar por ele, até mesmo remédios que precisam ser comprados.

Louzada explica que gastos com farmácia podem estar dentro da reserva de emergência da pessoa, afinal, nunca se sabe quando ficará doente e precisará de remédio e atendimento médico.

Já para quem opta por ter um plano de saúde, Brioso aponta que trata-se de um gasto que é possível estimar, então, ele deve fazer parte das despesas previstas para o orçamento mensal.

Transporte

Gastos com transporte também são fundamentais para entrar nas contas de quem deseja morar sozinho. Afinal, a depender dos deslocamentos, será necessário usar transporte público, veículos de aplicativos ou o próprio carro.

Louzada orienta que, para quem tem ou deseja comprar um carro pensando em liberdade, ela não é barata, pois é preciso se atentar a todos os custos envolvidos, que  vão muito além de um financiamento, por exemplo. Então, é importante também colocar no papel todas as despesas com o veículo, como manutenção, impostos e combustível.

Segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço médio da gasolina na semana encerrada no dia 11 de setembro subiu para R$ 6,059 por litro.

O planejador financeiro recomenda a pessoa comprar um carro somente se for um meio de ganhar dinheiro, como ser motorista de aplicativo, por exemplo. Do contrário, ele sugere que seja utilizado transporte público ou até morar mais perto do local de trabalho.

“O valor da moradia pode ser maior ao residir mais próximo do local de trabalho, mas os custos ficam menor. A pessoa gastará menos para deslocamento, economizará tempo e terá mais qualidade de vida, Pagando até 30% mais de aluguel ou financiamento da moradia, compensa morar mais perto de onde fica a empresa que se trabalha”, sugere.

Vestuário e lazer

São duas outras despesas que devem ser levadas em conta por quem decide morar sozinho. A recomendação é destinar um recurso para vestuário para ser utilizado sempre que houver necessidade, e não para compras no impulso. E aí vai depender se a pessoa precisa trabalhar com suas próprias roupas ou não e como está a qualidade delas.

Por não ser itens que precisam ser comprados com frequência, como alimentos, por exemplo, é possível conseguir economizar, investir em peças de qualidade, que tenham maior durabilidade e fazer compras de novas mediante a necessidade.

Já no caso de lazer, os especialistas recomendam que uma parte do orçamento seja destinada para passeios, viagens, exposições, jantares, o que a pessoa gostar de fazer em seus momentos de folga, que também é importante.

O recomendável, é separar 20% do orçamento para gastos com lazer, lembrando que não existe a necessidade de todo mês gastar essa porcentagem. Pode ser feito um equilíbrio entre os meses ou até aproveitar todo o dinheiro que não gastou para poupar e investir.

Principais dicas para morar sozinho?

Louzada recomenda que o primeiro passo é a pessoa entender suas despesas e receitas para saber e se tem um bom “colchão financeiro” para se manter sem a ajuda financeira de outras pessoas. Para isso, é preciso ter mais receita do que despesa.

Além disso, ele também sugere que esta decisão seja baseada em crescimento futuro e que a pessoa questione o porquê está optando por morar sozinha.  “Tem que ter uma decisão estratégica se vale a pena morar sozinho ou não. E não ir por impulso, tem que ser algo planejado. Se puder, more com outra pessoa, perto do trabalho e, o dinheiro que conseguir economizar ao dividir estas despesas, invista em educação”, recomenda.

Larissa Brioso também orienta que a pessoa faça um diagnostico financeiro, mapeamento os principais gastos, para conseguir estabelecer metas de poupança para o objetivo, já que a decisão de morar sozinho envolve um gasto inicial, que pode ser alto.

Outra recomendação que ela dá é sempre fazer pesquisas de preços antecipadas, seja da região onde deseja morar, os custos mensais, além de manter um bom controle financeiro usando ferramentas que ajudem no acompanhamento da entrada e saída de dinheiro para conseguir identificar onde é possível reduzidos os gastos.

Como economizar morando sozinho 2021

Apesar de o custo de morar sozinho aumentar, algumas alternativas podem colaborar para economizar dinheiro nesta escolha de vida. Veja as principais:

  • Dividir moradia: costuma ser uma opção de muitos que decidem deixar a casa dos pais ou familiares. É uma forma de economizar, afinal, a depender  do que for combinado entre os moradores, é possível dividir o pagamento de aluguel, condomínio, água, luz, gás, IPTU e até alimentação, sobrando mais dinheiro para poupar e poder investir ou destinar para outros gastos. “Não é porque a pessoa está dividindo e economizando que ela vai gastar o valor que está poupando com supérfluos. Quanto maior a capacidade de poupar dinheiro, maior é a capacidade de investir. Precisa sempre pensar e  ter essa motivação de economizar para conquistar outros objetivos”, alerta Brioso.
  • Economizar energia: energia está cada vez mais cara e pesando bastante no bolso e orçamento do brasileiro. Algumas dicas e hábitos são importantes e também podem colaborar, afinal, o controle de consumo vai depender única e exclusivamente de você. Assim, é importante deixar fora da tomada os aparelhos que não estão sendo utilizados; usar a máquina de lavar na sua capacidade máxima e, consequentemente, reduzir a frequência de uso; priorizar ambientes mais claros dentro de casa, aproveitando ao máximo a luz do dia; manter a geladeira bem fechada e vedada e tomar banhos mais curtos. “Tudo é hábito. É preciso pensar em como melhorar os hábitos do dia para não aumentar os custos variáveis”, orienta Brioso.
  • Menos delivery: para quem mora sozinho, nada mais fácil, rápido, prático do que pedir uma refeição em casa. Porém, essa facilidade no dia a dia pode ser um perigo para orçamento no final do mês. Se possível, o recomendável é preparar suas refeições em casa. Além de ser uma opção mais saudável, elas ficarão bem mais em conta  do que pedir em algum restaurante. Para quem não tem tempo para cozinhar diariamente, uma das dicas é reservar uma parte de um dia da semana e preparar refeições para alguns dias. Assim, a praticidade de chegar em casa ou já ter um prato pronto para levar para o trabalho evita de pedir com frequência comida por delivery, permitindo uma economia mensal.
  • Fazer um planejamento financeiro: um bom controle do dinheiro nem sempre é uma fácil. E é aí que entra o planejamento financeiro, que permite ter controle das finanças, evitando dívidas e gastos desnecessários. Para quem decide morar sozinho, é um dos primeiros passos e deve sempre acompanhá-lo de perto. Afinal, quando bem preparado, ele facilita a administração do dinheiro, ajudando eliminar ou reduzir gastos que podem ser desnecessários, proporcionando economia e diminuindo chances de descontrole financeiro e endividamento. De forma geral, um planejamento financeiro deve ter a realidade das suas finanças, definição de despesas, receitas e objetivos, as prioridades, bem como uma parcela destinada para reserva de emergência e para investimentos. A partir daí, basta fazer um acompanhamento com frequência, registrando todos os valores de receitas e despesas e fazendo os ajustes necessários para que tudo caiba dentro do orçamento que se tem. Caso tenha dificuldade em montá-lo, existem diversos aplicativos online que podem contribuir nesta organização financeira.
  • Reserva de emergência: como o próprio nome diz, ela é fundamental para momentos e situações que possam acontecer nas nossas vidas sem esperarmos e que dependam de uma despesa financeira, seja por motivos de saúde, perda de emprego, um problema que possa acontecer em casa ou qualquer outro imprevisto que possa surgir. Para quem mora sozinho, ela se torna ainda mais fundamental, afinal, se tem para onde recorrer em casos de necessidade, sem precisar fazer empréstimos e até mesmo dívida. Especialistas recomendam que a reserva de emergência deve ser de 3 a 6 meses das despesas mensais, em caso de a pessoa ter um trabalho CLT. Assim, é importante calcular quais são os gastos fixos mensal e multiplicá-lo pela quantidade de meses para se ter a reserva. Já no caso de a pessoa não ter uma renda fixa mensal, o recomendável é que a reserva de emergência seja calculada para 12 meses. Confira aqui como fazer a reserva de emergência.

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