A renda fixa é uma categoria de investimento que, normalmente, é ideal para investidores de perfil conservador, porque, na maioria dos casos, ela assegura um retorno – mesmo que baixo.
Entretanto, nem sempre os investidores entendem bem o porquê estão aplicando nesses tipos de papéis, muitas vezes eles tomam essa decisão apenas pelo hábito de investir no modelo mais tradicional.
Por isso, esse guia foi preparado com o intuito de explicar detalhadamente ao leitor sobre o que é renda fixa, como funciona e quais são os principais investimentos.
O objetivo é que ao final o futuro investidor esteja preparado para escolher qual é o melhor tipo de aplicação de acordo com o seu perfil.
Continue a leitura para saber tudo sobre o tema.
O que é renda fixa e como funciona?
A renda fixa é uma categoria de investimento que tem um cálculo pré-definido – fixo, como já diz o nome. Na compra de um título de renda fixa, o investidor “empresta” o dinheiro para alguém – que, nesse caso, pode ser o governo, bancos ou outras empresas –, e, no futuro, recebe esse valor de volta, acrescido de juros.
Qual é o rendimento da renda fixa?
Existem três cálculos de rentabilidade mais comuns, que são os papéis prefixados; pós-fixados; e híbridos.
Papéis prefixados: nesse tipo de aplicação existe uma porcentagem estabelecida de resgate, por exemplo, 6% ao ano. Portanto, independentemente de qualquer mudança no mercado, o rendimento será o mesmo até a data de vencimento do título. Ou seja, o investidor sabe exatamente o quanto vai receber.
Papéis pós-fixados: para esse tipo de investimento, o retorno é atrelado a um indexador da economia, como a taxa do Sistema Especial de Liquidação de Custódia (Selic) ou o Certificado de Depósito Interbancário (CDI). Isso quer dizer que o investidor não saberá exatamente quanto irá receber, pois os indicadores sofrem variações ao longo do tempo.
Papéis híbridos: esse caso é a combinação dos papéis prefixados e pós-fixados, ou seja, a rentabilidade será composta por uma parte fixa e outra variável. Um exemplo disso é a aplicação em um título que dê retorno de 6% ao ano + o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Principais investimentos de renda fixa
Nesta categoria de investimentos há diversos tipos de títulos, desde públicos a privados. Conheça quais são os principais.
1 – Títulos públicos
Os títulos públicos, que ficam disponíveis no Tesouro Direto, programa de investimento criado pelo Tesouro Nacional, servem para o governo financiar projetos de interesse coletivo. Portanto, o investidor que desejar obter esses tipos de papéis deverá escolher entre qual categoria de rendimento quer aplicar.
Para os papéis prefixados, é possível decidir entre o Tesouro Prefixado e o Tesouro Prefixado com Juros Semestrais; para pós-prefixados, existe o Tesouro Selic; e para híbridos, o investidor pode optar pelo Tesouro IPCA+ ou Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais.
2 – Poupança
A poupança é a modalidade mais tradicional de aplicação entre os brasileiros, talvez por não contar com taxas de investimento e nem incidência de Imposto de Renda (IR).
A rentabilidade dela depende de como está a taxa Selic, se o índice estiver acima de 8,5% ao ano, o rendimento da poupança será de 0,5% ao mês mais a variação da Taxa Referencial (TR). Mas, se estiver igual ou abaixo de 8,5% ao ano, o rendimento da poupança será equivalente a 70% da Selic mais a variação da TR.
Além disso, a poupança também conta com o Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que é um sistema de proteção ao depositante no caso de ocorrer alguma crise bancária.
3 – Certificado de Depósito Bancário (CDB)
O Certificado de Depósito Bancário (CDB) é um empréstimo que o investidor faz para o banco. Esses tipos de papéis também são prefixados, pós-fixados ou híbridos, portanto, a rentabilidade depende do modelo que o investidor escolher.
Os mais comuns são os pós-fixados que, normalmente, oferecem como remuneração o percentual de algum índice de referência de renda fixa – como a taxa do Certificado de Depósito Interbancário (CDI).
Quanto ao período de investimento, é possível escolher desde liquidez diária até títulos com vencimentos com mais de três anos.
Vale lembrar que esse tipo de aplicação conta com o FGC e sofre tributação de IR e algumas vezes de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) também.
4 – Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e Letra de Crédito do Agronegócio LCA)
A Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e a Letra de Crédito do Agronegócio (LCA) são investimentos que têm a mesma lógica dos CDBs.
Esses títulos também são emitidos por instituições financeiras, mas o que os difere dos CDBs é a finalidade do crédito, que, neste caso, é direcionado para o setor imobiliário e do agronegócio.
Aplicar em LCI ou LCA é livre de IR e conta com a segurança do FGC. Entretanto, esse tipo de investimento costuma gerar menos retorno que os CDBs – mas ainda pode ser uma boa opção, já que não há taxas.
5 – Letra de Crédito Imobiliário (CRI) e Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA)
Os Certificados de Recebíveis Imobiliário (CRI) e os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) também funcionam como a LCI e a LCA e têm a mesma finalidade de crédito.
Normalmente, há poucos desses títulos no mercado, além de que geralmente a rentabilidade é pós-fixada ou híbrida, difícil são os casos de retorno prefixado.
Além disso, o CRI e o CRA também são isentos de IR – o que é uma vantagem para o investidor –, mas não contam com o FGC.
6 – Letra de Câmbio (LA)
A Letra de Câmbio (LA) também é semelhante ao CDB, mas é emitida por financeiras – como sociedades de crédito, financiamento e investimento – para captar recursos e emprestar para os seus clientes.
Essa modalidade de investimento conta com a segurança do FGC, mas também está sujeita a tributação regressiva do IR.
7 – Debêntures
As debêntures são títulos de crédito emitidos por empresas e negociadas no mercado de capitais. Elas servem para quitar dívidas ou financiar projetos das organizações emissoras.
A aplicação não possui garantia do FGC e sofre tributação do IR, mas também existem categorias especiais, como as debêntures Incentivadas, em que o investidor não paga IR.
8 – Fundos de renda fixa
Os fundos de renda fixa não são uma aplicação de renda fixa, mas sim uma carteira de investimentos que contém ativos de renda fixa. Neste caso, o investidor vira cotista e confia ao gestor do fundo a tarefa de adquirir bons títulos de renda fixa. Portanto, nesse tipo de aplicação não é possível saber qual será o retorno.
Além disso, não há garantia do FGC e existem taxas de administração que variam de corretora para corretora. Entenda o que são fundos de investimento.
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Qual é o melhor investimento em renda fixa?
O melhor investimento em renda fixa depende do perfil e objetivos – no curto, médio e longo prazo – do investidor, por isso, em cada caso é uma modalidade diferente de investimento.
Se o perfil do investidor for mais conservador e ele não quiser correr risco algum, provavelmente o melhor tipo de investimento é o Tesouro Prefixado, pois nesse papel o investidor sabe exatamente o quanto vai ter de retorno.
Mas, caso o investidor seja moderado ou arrojado e deseje arriscar para talvez obter mais lucro, ele pode aplicar em títulos pós-fixados, como o Tesouro Selic, ou híbridos, como Tesouro IPCA+ – no caso de papéis públicos.
Também existem outros detalhes que precisam ser reparados, como, por exemplo, o período de resgate. Caso o investidor precise retirar a qualquer momento o dinheiro que já investiu, títulos como o Tesouro Selic e o CDB seriam algumas das opções.
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Quais são os custos para investir em renda fixa?
Como já mencionado, às vezes existem algumas despesas que precisam ser arcadas ao investir em renda fixa. Entre elas, as mais comuns são o IR, IOF, taxa de custódia e taxa de administração. Saiba mais sobre as taxas que o investidor precisa conhecer.
Imposto de Renda (IR): esse tipo de tributação está presente na maioria dos papéis de renda fixa, ela incide apenas sobre o rendimento e tem uma alíquota regressiva, portanto, quanto maior for o tempo do investimento, menor será a alíquota incidente sobre a aplicação.
Imposto sobre Operações Financeiras (IOF): essa cota só incide sobre os investimentos se o investidor tentar resgatar nos primeiros 30 dias da aplicação, por isso, é importante não retirar o dinheiro nesse período, e, se possível, deixar até a data de vencimento para ter mais retorno.
Taxa de custódia: essa tarifa só é cobrada no Tesouro Direto, ela foi criada pela BM&F com a intenção de proporcionar uma melhor proteção de dados e acomodação de títulos.
Taxa de administração: esse custo é cobrado pela administração de alguns títulos específicos, é necessário avaliar os preços com cada instituição financeira.
Vantagens e desvantagens de investir em renda fixa
Em qualquer tipo de aplicação sempre há vantagens e desvantagens, por isso, não seria diferente com essa categoria investimento.
No geral, é possível dizer que a renda fixa apresenta mais benefícios do que prejuízos, mas, é claro, isso também depende das decisões que o investidor toma.
Veja abaixo a lista de pontos positivos e negativos.
Vantagens
- Segurança: é um dos principais benefícios da renda fixa, pois a maioria dos papéis tem o FGC, portanto, o investidor não perde o valor que aplicou.
- Rentabilidade: costuma ser mais atrativa que produtos bancários, como títulos de capitação.
- Liquidez: há títulos que têm liquidação diária ou de curto prazo, como Tesouro Direto, alguns CDBs e LCI/LCAs. Ou seja: o investidor pode resgatar o dinheiro assim que precisar.
- Previsibilidade: no caso de títulos prefixados, o investidor sabe exatamente qual será o seu lucro.
- Diversificação: como essa categoria tem uma longa lista de produtos, é fácil ter uma carteira diversificada.
- Isenção: alguns produtos são isentos de impostos, por isso, dependendo de como estiver o mercado, isso pode proporcionar maiores rendimentos.
- Acessibilidade: os aportes iniciais costumam ser baixos, normalmente o investidor pode começar com pouco menos de R$ 100.
- Facilidade: é muito simples comprar títulos de renda fixa, as negociações são todas online. Além disso, não é preciso fazer um acompanhamento da evolução dos papéis prefixados, o investidor só precisa esperar o prazo de vencimento.
Desvantagens
- Carência: em alguns casos não é permitido fazer o resgate antecipado, o período de investimento precisa ser cumprido, por isso, se o investidor quiser retirar a aplicação antes do tempo, pode acabar perdendo parte dos rendimentos já obtidos.
- Taxas: existem alguns preços que podem ser pagos nessa categoria de investimento, como o IR, IOF, taxa de custódia e taxa de administração.
- Risco do FGC: o fundo tem recursos limitados, portanto, caso o teto tenha sido atingido, o investidor pode acabar não sendo ressarcido – mas isso nunca aconteceu.
- Riscos de resgate: existem algumas aplicações que não têm garantia alguma, como debêntures, CRI e CRA. Então, em alguns casos, é possível ter perdas totais.
Investimento de renda fixa em bancos ou corretoras?
É sempre importante pesquisar muito bem sobre a instituição financeira antes de aplicar quaisquer recursos nela, pois isso impacta diretamente no desempenho dos papéis adquiridos, assim como o resultado deles – no caso de títulos pós-fixados – até a data de vencimento.
O investidor precisa averiguar como a empresa é vista no mercado, quais produtos estão disponíveis e se existem taxas de administração. Então, só tendo essas informações, ele conseguirá tomar uma melhor decisão sobre onde investir.
Mas, também é importante ressaltar que normalmente as corretoras estão mais preparadas para atender o investidor de renda fixa, pois os bancos costumam ter uma oferta de produtos reduzida, oferecem rendimentos menos atrativos e, em alguns casos, cobram taxa de administração.
Como investir em renda fixa? Passos simples
Investir em renda fixa é uma tarefa simples, mas, assim como qualquer outro tipo de investimento, exige conhecimento e atenção, senão más decisões podem acabar sendo tomadas.
Portanto, veja quais são os 5 passos fundamentais para começar a investir nessa categoria.
1 – Conhecer os tipos de investimento
Antes de mais nada, o investidor precisa estudar quais são os tipos de investimentos disponíveis no mercado, pois assim ele terá noção de tudo que está à disposição de sua carteira.
2 – Entender como está o mercado
Depois, é muito importante saber como está o mercado, ou seja, a economia e os negócios. Dependendo de como a economia esteja, os títulos públicos poderão ter um bom ou mau desempenho. Já no caso dos negócios, pensando numa aplicação de debêntures, é importante avaliar como está o performance da empresa antes adquirir o papel, pois assim evita correr o risco de perder todo o valor do investimento.
3 – Definir objetivos
É extremamente relevante o investidor compreender onde deseja chegar com os investimentos que irá fazer, se ele quiser aumentar significativamente o seu patrimônio, antes de comprar qualquer título, é preciso avaliar quais os riscos vai correr, qual é o potencial retorno e se está de acordo com tudo isso para talvez alcançar o seu propósito.
4 – Procurar uma instituição para investir
Pesquisar instituições financeiras, como bancos e corretoras, é essencial antes de aplicar qualquer dinheiro, pois assim o investidor tem conhecimento dos produtos que a organização pode oferecer e as possíveis taxas que também deverá arcar.
Além disso, nesse momento o investidor também pode solicitar a simulação do retorno do investimento, o que é um recurso muito facilitador durante a tomada de decisões.
5 – Acompanhar a evolução do investimento
No caso de investimentos em papéis pós-fixados e híbridos, é importante o investidor acompanhar a evolução deles, pois, às vezes, as aplicações podem ir tão mal que o investidor pode resgatar o valor para não ficar ainda mais prejudicado.
Diferença entre renda fixa e renda variável
A diferença entre renda fixa e variável é muito simples, enquanto a primeira oferece um cálculo de retorno definido, a outra não proporciona estabilidade alguma.
No caso da renda fixa, ao investir R$ 1 milhão em um papel prefixado que oferece 6% de retorno ao ano, é possível saber que retorno será de R$ 60.000 após completar o período estipulado.
Entretanto, se o assunto for renda variável, ao comprar ações na bolsa de valores, por exemplo, mesmo que haja projeções, o investidor não tem certeza alguma sobre qual será seu lucro ou, até mesmo, se haverá lucro.
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