O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, operou e encerrou o pregão em queda nesta segunda-feira (10), enquanto acompanhou a repercussão das bolsas internacionais sobre as decisões do Federal Reserve (Fed). Já o dólar avançou no dia.

No primeiro pregão da semana, o índice recuou 0,75%, aos 101.945 pontos. O dólar, por sua vez, subiu 0,74%, negociado a R$ 5,6742.

Cenário externo

Os principais índices de ações nos EUA recuaram, após os rendimentos dos Treasuries de dez anos subirem para o maior patamar desde o início de 2020 na manhã. O movimento ocorreu depois que a ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed) revelou na semana passada um discurso mais duro da instituição sobre a escalada da inflação, com perspectiva de aumento na taxa de juros do país antes do previsto.

Na sexta-feira, números do mercado de trabalho norte-americano corroboraram com essa tese, na leitura do mercado, e a curva de juros nos EUA precifica chance de mais de 70% de uma elevação de 0,25 ponto percentual na taxa de juros em março. A alta dos juros nos EUA afeta a liquidez dos mercados globais e eleva o custo de capital das empresas, impactando negativamente as bolsas.

Cenário interno

O Ibovespa veio de duas sessões consecutivas de alta, que ainda assim não evitaram um recuo na primeira semana do ano.

Apesar de pregão negativo por conta do exterior, a declaração do presidente Jair Bolsonaro de que não estariam garantidos reajustes a nenhuma categoria de servidores pode dar algum alívio na cena fiscal doméstica.

Analistas do Itaú BBA, incluindo Marcelo Sá, projetam um ano difícil para o Ibovespa, com o índice fechando em 115.000 pontos — o alvo de 2021 era 120.000 –, segundo relatório a clientes. Eles citam o impacto negativo do maior custo de capital, dada a elevação nos juros, e um menor lucro por ação, com cenário macroeconômico mais desafiador.

A pesquisa semanal Focus do Banco Central com economistas desta semana mostrou elevação na estimativa para a taxa Selic em 2022, de 11,50% para 11,75%, enquanto a projeção do Produto Interno Bruto do país caiu de 0,36% para 0,28.

Destaques da bolsa

As ações do Banco Inter (BIDI11) lideraram as baixas do Ibovespa, e fecharam com queda de 8,57%, comercializadas em R$ 24,44. Já os papéis de Magazine Luiza (MGLU3) cederam 7,72%, negociados a R$ 5,74, enquanto a Méliuz (CASH3) perdeu 5,75%, para R$ 2,46.

Os papéis preferenciais da Usiminas (USIM5) encerraram em alta de 4,77%, para R$ 15,38, e as ações ordinárias USIM3 subiram 3,86%, para R$ 14,27. A CSN (CSNA3) também teve ganhos de 3,32%, para R$ 24,92. Por outro lado, a Vale (VALE3) caiu 1,19%, para R$ 83.

Os papéis de Petrobras (PETR3 e PETR4) operaram em queda. Segundo informações da agência Reuters, o petróleo operou próximo da estabilidade à medida que problemas de oferta no Cazaquistão e na Líbia compensavam receios pela rápida propagação da variante ômicron.

Bolsas mundiais

Wall Street

Os mercados de ações dos Estados Unidos terminaram em queda nesta segunda-feira, mas bem longe das mínimas intradiárias, com o Nasdaq emplacando uma agressiva recuperação no fim do pregão, quando investidores pareceram caçar pechinchas a despeito dos receios sobre chances de alta nas taxas de juros.

De acordo com dados preliminares, o S&P 500 recuou 0,13%, para 4.671,00 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq Composite avançou 0,08%, para 14.947,76 pontos. O Dow Jones teve queda de 0,46%, para 36.065,01 pontos.

Europa

As ações europeias tiveram sua pior queda diária desde o fim de novembro nesta segunda-feira, com o aumento dos rendimentos dos títulos pesando sobre o setor de tecnologia, enquanto a rápida disseminação da variante ômicron da covid-19 também afetou o sentimento.

Ásia e Pacífico

O mercado acionário da China fechou em alta nesta segunda-feira diante dos ganhos em empresas de consumo e saúde, enquanto o STAR Market, focado em tecnologia, recuperou-se com os investidores se agarrando às expectativas de reformas e melhora da liquidez.

*Com informações da Reuters.

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