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Economia

Queda do dólar por fluxo estrangeiro não deve durar muito, dizem especialistas

Real tem ficado na contramão de outras moedas, mas previsão é de que a queda do dólar seja momentânea.

Dólar
Notas de dólar 02/08/2011 REUTERS/Yuriko Nakao

O dólar cravou na sexta-feira (11) sua quinta queda semanal seguida sobre o real, encerrando em R$ 5,24 após chegar a ser vendido a menos de R$ 5,20 na mínima do dia. Especialistas ouvidos pelo InvestNews apontam que um dos principais fatores que estão puxando a queda do dólar sobre o real é a entrada de investidores estrangeiros no Brasil, mas eles alertam que esse movimento não deve durar muito tempo. 

A sequência de quedas do dólar sobre o real é a maior em cerca de 6 meses, e coloca a moeda brasileira na contramão de diversos países. O índice do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes atingiu uma máxima em mais de uma semana na sexta, apoiado em parte pelos rendimentos elevados dos títulos soberanos dos Estados Unidos. 

Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, comenta que “ o dólar tem andando na direção contrária em relação ao real, e isso é, em grande parte, por causa de fluxo – o estrangeiro comprando ativos brasileiros”.  

Na mesma linha, Lucas Schroeder, diretor de operações da Câmbio Curitiba, aponta 3 fatores para o real estar destoando do movimento de outras moedas e subir contra o dólar nas últimas semanas: 

  1. Juros altos: a taxa Selic em alta eleva os rendimentos dos investimentos no Brasil, enquanto, lá fora, os juros nos Estados Unidos seguem em patamares baixos. “O investidor internacional começa a ver uma oportunidade para abertura de carry trade – ou seja, ele começa a  pegar empréstimo em seu país com taxa menor e aloca aqui no Brasil com uma taxa maior.”
  2. Bolsa de valores descontada: após várias sequências de quedas, as ações negociadas na B3 (B3SA3) podem ser consideradas oportunidades para o investidor estrangeiro, que passa então a direcionar seus recursos para o mercado brasileiro, aumentando a entrada de dólares no país.
  3. Alta das commodities: a elevação das cotações no mercado internacional beneficia, em geral, os países exportadores desses itens. É o caso do Brasil. 

O economista Bruno Mori lembra que “a gente começou o ano com poucos motivos para ficar otimistas em relação à economia. Um ano de eleição, com inflação alta, juros subindo”. 

“Mas o investidor estrangeiro está percebendo esse risco como algo que, por enquanto, vale a pena. Então, esse fluxo muito grande de dólar no mercado está trazendo a cotação para baixo. É muito difícil saber até onde isso vai. Mas, por enquanto, o fluxo é forte”, complementa Mori, planejador financeiro CFP pela Associação Brasileira de Planejamento Financeiro (Planejar). 

Queda do dólar não deve durar

Komura, da Ouro Preto, acredita que esse movimento de queda do dólar pode até persistir por mais algum tempo, porém somente no curto prazo, “talvez nas próximas semanas”. 

“Mas não é um movimento que deve durar porque, a partir do momento em que a gente acaba com esse fluxo, os investidores acabam de se posicionar e ficam esperando resultado, é bem provável que esses mercados comecem a refletir os nossos problemas internos. A gente tem todo o problema fiscal sem nenhum tipo de solução no momento. E a gente tem toda a volatilidade relacionada às eleições”, diz o analista. 

Olhando para o cenário externo, Mori aponta outro motivo para um possível enfraquecimento desse movimento de queda do dólar: a elevação dos juros nos Estados Unidos pelo Federal Reserve (Fed). “É provável que, quando a taxa de juros americana começar a subir, e dependendo da intensidade, este movimento de alocação em mercados emergentes perca força. Não é uma certeza, mas é uma tendência.”

O economista complementa que “o Brasil deve parar de subir taxa de juros enquanto os Estados Unidos devem começar e continuar, não se sabe até quando”. 

Schroeder, da Câmbio Curitiba, pontua que “o que vai determinar essa saída de capital é a sensibilidade do investidor internacional em avaliar o risco-retorno que o Brasil oferece frente aos títulos norte-americanos”. 

Mas ele também acredita que “é difícil dizer que o dólar vai se manter em queda por muito mais tempo”, e cita fatores de risco como a crise na Ucrânia e as eleições no Brasil.

Para onde vai o dólar?

Komura afirma que “não é sustentável esse patamar de agora, em torno de R$ 5,20”, e prevê que a moeda volte “a R$ 5,50 ou um pouquinho mais para cima”. 

Mori aponta que pode até ser possível que a cotação do dólar “venha um pouco abaixo de R$ 5,20, talvez R$ 5,10, mas, dadas todas as dificuldades e desafios que a economia brasileira enfrenta neste ano, é provável que não tenha uma redução muito grande nessa cotação. Aliás, pelo contrário”. 

Para, “as perspectivas são de que ele volte a subir durante o ano e com projeções de fechamento a R$ 5,60”, diz Schroeder. 

Segundo o Boletim Focus, a previsão do mercado financeiro é de que o dólar encerre o ano neste patamar, de R$ 5,60. 

“Claro que é muito cedo para dizer isso, estamos só no começo do ano. Mas, com base nessas informações, podemos dizer que essa queda do dólar é momentânea e, mais para frente, com certeza a gente vai ver ele voltar a subir”, diz Schroeder.

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Este conteúdo é de cunho jornalístico e informativo e não deve ser considerado como oferta, recomendação ou orientação de compra ou venda de ativos.

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