Dentro das possibilidades de multiplicação de investimentos, poucas multiplicam tanto quanto as microcoins. Esse tipo de criptoativo é procurado pelos investidores que querem ganhos exponenciais em curtos intervalos de tempo. Com potencial de valorização que beira os 900% em poucos meses, as microcoins atendem a um perfil bem específico de investidor.
O que são microcoins
Acompanhando gráficos, todos gostariam de ter investido em bitcoin (BTC) quando o ativo valia centavos. O que o investidor quer, na verdade, é poder aproveitar o momento de microcoin do bitcoin. Isso porque microcoins são o estágio inicial das criptomoedas, quando elas começam a ser negociadas e a agregar valor.
Bruno Issa, assessor de investimentos na InvestSmart XP, define as microcoins como “projetos de moedas digitais com baixo valor de mercado”. Ele vai além, e compara o ativo com outro buscado por investidores especuladores:
“Utilizando de licença poética para exemplificar, creio que podemos dizer que equivalem às penny stocks do mercado de ações. Justamente pelo seu potencial de valorização, costumam atrair os investidores mais especulativos, que buscam uma multiplicação de capital totalmente fora dos padrões de mercado”.
Como as microcoins funcionam
As microcoins funcionam de acordo com a rede blockchain em que estão inseridas – o whitepaper do projeto da moeda. Isso significa que diferentes projetos de microcoins terão como resultado diferentes lógicas de funcionamento. Entretanto, todas possuem alguns aspectos comuns importantes na hora de se fazer uma análise.
O diretor de conteúdo da Bit2Me, carteira digital de criptoativos, Renan Bonfim, afirmou sobre as microcoins que, basicamente, toda cripto já passou por essa etapa. “Até o próprio bitcoin foi uma microcoin em seus primeiros anos de vida. Em comparação direta com o mercado tradicional, as microcoins são startups em fase embrionária e com pouco capital investido”.
Onde comprar microcoins
Nem sempre as microcoins são listadas em mercados oficiais de criptomoedas, as exchanges, como Binance e similares. Para negociar as microcoins antes que elas sejam listadas – aproveitando momentos antes de sua expressão e valorização – é necessário cumprir algumas etapas:
- Conhecer o projeto da criptomoeda;
- Saber em qual pool de mineração ela está sediada;
- Saber quais exchanges negociam com aquele pool de mineração;
- Adquirir o criptoativo direto do pool.
Os pools de mineração nada mais são do que grandes grupos de hardwares e softwares conectados procurando minerar as criptomoedas. Por vezes, esses grupos se formam girando em torno de uma moeda específica, e é com eles que é possível adquirir microcoins antes que elas cheguem às grandes exchanges, e ganhem, consequentemente, liquidez e valorização.
Issa explica: “Por serem projetos pequenos, nem todas são encontradas em qualquer exchange. Caso o investidor queira investir em alguma microcoin específica, terá que buscar uma exchange que atenda ao pool de negociação daquele criptoativo. Mas a negociação ocorre da mesma forma, por meio de exchanges como Binance, Uniswap etc.”
Bonfim destaca ainda outras formas de aquisição das criptomoedas microcoins: “Por natureza, as microcoins estão presentes, principalmente, em DEX, que são as corretoras descentralizadas. Alguns exemplos mais comuns são a PancakeSwap, SushiSwap, UniSwap entre outras. Alguns projetos são disponibilizados também por meio de airdrop, ICOs e P2P”.
Quanto custa uma microcoin
Com alto grau de volatilidade, as microcoins atraem muitos investidores pelo baixo custo de aquisição. Muitas das moedas são negociadas a centavos de real a unidade. Foi o caso da Shiba Inu, criptomoeda inspirada na raça de cães japoneses que deveria rivalizar com a Doge Coin.
O ativo era usado para fins especulativos, e viu um salto no seu valor e popularidade com tweets de Elon Musk, que afirmava considerar o ativo para pagamentos da Tesla.
A moeda valorizou 750% entre 29 de setembro de 2021 e 29 de outubro de 2021, um intervalo de um mês. Custando R$ 0,00003 em setembro, permitia uma capitalização acelerada a baixo custo. Essa foi uma das criptomoedas que acendeu o alerta em investidores para a busca do “novo bitcoin”.
Criptomoedas do Elon Musk
O CEO da Tesla (TSLA34) e recentemente novo diretor do Twitter (TWTR34), Elon Musk, é famoso no mercado de criptoativos por ser um entusiasta da tecnologia. Os movimentos de Musk, desde a adoção de bitcoin e ethereum (ETH) para negociação de produtos da Tesla até a promoção de moedas como DogeCoin e Shiba Inu. As três primeiras foram criptomoedas adotadas pelas empresas de Musk para pagamento, sendo as suas preferidas.
Vale a pena investir em microcoins?
Em meio aos potenciais de valorização e adoção por celebridades, as microcoins começam a atrair os olhos de investidores interessados em multiplicar o patrimônio. Entretanto, o ativo não é para o investidor conservador. Nem mesmo grandes gestores de criptoativos aderem facilmente a eles.
Falta de segurança e respaldo das microcoins
Carlos Eduardo, head de Research na Hashdex – grande gestor de fundos de criptoativos como o HASH11, afirma que o perfil do investidor deve ser “altamente qualificado e propenso a riscos”.
“É o tipo de investimento para o investidor superqualificado. É para o investidor que tem tempo e um time à disposição para de fato entender e estudar o projeto. Há um grande grau de risco ao comparar com outros criptoativos, e é necessário ficar atento ao projeto”.
A Hashdex, por exemplo, tem como política não investir em ativos que não estejam listados em exchanges e algum respaldo institucional.
“Os produtos da Hashdex, tanto fundos quanto ETFs, seguem regras rigorosas de elegibilidade em relação ao universo investível de criptoativos. Para um ativo ser elegível, ele precisa negociar com liquidez relevante em uma corretora de referência e ter suporte de um custodiante institucional, além de todo o processo de due diligence” afirma Eduardo.
Parcimônia no investimento em microcoins
Bonfim afirma que ao adquirir uma microcoin, é preciso entender o projeto em primeiro lugar.
“Para identificar bons projetos, é essencial que o usuário avalie alguns pontos básicos como o whitepaper, onde deve estar exposto de forma clara e direta qual é o propósito desse projeto. Qual é o problema que o projeto resolve? Existe uma demanda real para isso? Essas são perguntas básicas, mas que dão um ótimo ponto de partida”.
Entretanto, ele ainda afirma que, se for uma parte pequena do seu capital, vale a pena buscar alguma exposição. “Para quem tem um bitcoin inteiro, não custa nada colocar alguns satoshis em uma possível alta”.
Issa concorda que é necessária uma pequena exposição para que o investimento valha a pena. “Conhecendo o risco do negócio, acho válido, considerando o potencial de valorização do ativo. Mas é preciso ser prudente, utilizando uma pequena parte do seu patrimônio investido para esse fim”.
Conhecimento sobre projeto
Ao fazer o investimento, todos concordam que é necessário estar informado sobre o criptoativo. Alguns pontos listados pelos especialistas trazem informações necessárias antes de se fazer o investimento:
- Saber qual rede blockchain armazena o projeto;
- Ter acesso ao whitepaper do projeto;
- Baixa exposição individual (colocar uma parcela pequena dos seus investimentos);
- Confiabilidade nos autores do projeto;
- Distribuição de moedas ou tokens (infinito ou limitado);
- Possíveis parcerias (empresas ou governos que aderem ao projeto);
- Roadmap do projeto (para onde ele pretende ir).
Microcoins com potencial para 2022
Ao analisar o cenário de microcoins para 2022, Lucas Passarini, trader do Mercado Bitcoin e analista CEA, afirma que o momento não é para explorar projetos:
“Não existe hoje uma microcoin com potencial para valorização. Eu diria que não há uma no mercado que dê para investir com segurança”. Ele destaca que o dinheiro de risco, dinheiro investido em projetos de microcoins, parou de fluir devido ao cenário macroeconômico.
“Talvez, depois desse processo de quedas e colapsos de mercado, possamos ver algumas microcoins que sobrevivam, mas hoje, tem muito projeto inflado e que vão sumir do mercado”.
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