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Análise

Morning Call: com fiscal no caminho, Brasil vai na contra-mão do mundo

Enquanto os EUA comemoravam a inflação abaixo das expectativas e possíveis juros menores, no Brasil o clima era pesado com possibilidade de contorno no teto de gastos e preocupações com o rumo fiscal do país.

As bolsas na Ásia continuam com os ganhos hoje acompanhando os resultados das bolsas norte-americanas ontem (11) depois do resultado do CPI dos EUA além de refletirem a flexibilização das medidas restritivas contra covid anunciada pelo governo da China. Isso ajudou o índice de Hang Seng a encerrar o dia com uma alta de 7,74% enquanto Shanghai subiu 1,69%, o Nikkei avançou 2,98%, o Taiex teve ganhos de 3,73% e o KOSPI subiu 3,37%.

Na Europa as bolsas registram ganhos mais modestos por conta da divulgação do PIB britânico que registrou uma queda de 0,2% no terceiro trimestre, menor do que a queda de 0,5% esperada pelo mercado, mas reforçando a ideia do início de um período de recessão pela alta inflação e juros subindo. Outro dado europeu foi o Índice de Preços ao Consumidor da Alemanha subiu 0,9% em outubro em linha com expectativas de mercado fazendo com que a alta acumulada em 12 meses passasse de 10% para 10,4%.

No começo do dia, o índice alemão DAX subia 0,48%, o CAC tinha ganhos de 0,32%, o Euro Stoxx avançava 0,65% enquanto o britânico FTSE era a exceção com queda de 0,25%.

CPI dos EUA anima mercados

Ontem (10) foi divulgado o Índice de Preços ao Consumidor, CPI, dos EUA referente ao mês de outubro com uma alta de 0,4%. O resultado foi comemorado pelo mercado, com exceção do Brasil, já que fica abaixo da alta de 0,6% esperada, desacelerando de maneira mais significativa a inflação em 12 meses de 8,2% para 7,7%, também abaixo do esperado de mercado de 8%.

O núcleo do índice teve alta mensal de 0,3% no mês, resultado melhor que a alta projetada de 0,5% também desacelerando o acumulado em 12 meses de 6,6% para 6,3%, abaixo dos 6,5% de consenso de mercado.

Os números do índice de preços abaixo do esperado e dos pedidos por seguro-desemprego acima das expectativas indicaram aos mercados que a desaceleração inflacionária pela alta de juros pode estar mais evidente impulsionando as bolsas no encerramento do pregão de ontem com alta de 3,7% no Dow Jones, alta de 5,54% no SP& 500 e ganhos de 7,35% no índice Nasdaq.

Brasil na contra-mão do mundo

Enquanto as bolsas subiam pelo mundo, o Ibov caiu 3,35% enquanto o dólar subiu 4,1% ontem (10) repercutindo em menor escala a divulgação do IPCA de outubro que subiu 0,59%, resultado acima dos 0,48% esperados e ainda assim, desacelerando o acumulado em 12 meses de 7,17% para 6,47%. Mas em maior escala, a reação do mercado foi ruim em relação ao anúncio de Guido Mantega na equipe de transição entre os governos, assunto que já preocupava os investidores pela bomba fiscal herdada e ampliada no governo Lula.

Além disso, as falas de Lula criticando o teto de gastos e defendendo o aumento de gastos, mesmo que focados para o investimento em educação, acabaram estressando os mercados e gerando preocupações entre economistas com o rumo fiscal do país uma vez que o governo já antecipa através da uma PEC uma elevação das despesas entre R$ 160 a R$ 200 bilhões e que, ao invés de deixar gastos fora do teto no primeiro ano do governo, poderia deixar os valores segregados do teto pelo 4 anos de mandato.

O pregão de hoje, tanto na bolsa como no câmbio e em juros, deve servir para ajustes de posições no começo do dia, à medida que o mercado digere as informações e vai aos poucos vai se reposicionando.

E a temporada de balanços continua hoje com a divulgação de números de empresas como Itaúsa, M. Dias Branco, Boa Safra, entre outras. O calendário completo das divulgações pode ser acessado aqui.

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