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Finanças

Investir no longo prazo faz sentido? Conheça as opções mais indicadas

Saiba onde investir para alcançar seus objetivos futuros, segundo especialistas ouvidos pelo InvestNews.

Pessoa faz acompanhamento de investimento

Diversas são as estratégias no mundo dos investimentos. Por ser difícil prever o futuro, o investimento a longo prazo pode contribuir na jornada para o investidor se planejar, ter a vida desejada e alcançar metas. O InvestNews consultou especialistas para entender como essa estratégia funciona e quais são as opções para investir no longo prazo.

O que é um investimento de longo prazo?

Investir no longo prazo é fazer aplicação de valores em investimentos e resgatá-lo depois de alguns anos. Ou, a depender, como investir em ações, é possível levá-las por toda sua vida no portfólio, o que vai colaborar para crescer e proteger o seu patrimônio.

Assim, investir no longo prazo é ter a consciência de que o dinheiro aplicado não será demandado tão cedo. Ou seja, permanecerá investido por alguns anos.

A especialista em investimentos Daniela Schulz e head de mercado de capitais da Eu Me Banco explica que não existe uma regra que delimita o longo prazo, pois ele é subjetivo, vai variar de pessoa para pessoa de acordo com perfil e objetivos. Mas, segundo ela, se considera, em média, 5 anos para mais.

De forma geral, quem costuma investir com foco no longo prazo pretende acumular capital para bancar projetos futuros, como aposentadoria ou estudos do filho, por exemplo.

Porém, para alcanças metas futuras, é necessário ter um bom planejamento financeiro, o que vai permitir organizar as finanças para conseguir pagar contas e fazer investimentos, o que exige organização e disciplina.

Roberto Agi, sócio da Alta Vista Investimentos, explica que para investir no longo prazo é importante definir bem os objetivos para não ter que fazer mudanças ou resgates antecipados dos investimentos.

“Claro que imprevistos acontecem e planejamentos mudam, mas é importante pensar quais são os objetivos de longo prazo para depois montar a carteira. É válido o investidor entender onde ele está e aonde quer chegar,  separar o patrimônio para estes objetivos de longo prazo e começar  a buscar investimentos que tenham este horizonte. Em geral, eles podem ter menos liquidez e mais risco e podem oscilar um pouco mais”, diz.

Por que investir no longo prazo?

Schulz explica que, na hora de escolher ativos, o investidor tem que considerar alguns fatores: retorno, risco, liquidez e prazo. Segundo ela, o prazo é um fator bem importante, pois quando se faz um planejamento para longo prazo não dá para prever o que vai acontecer no futuro.

“Hoje, planejo meu futuro para ter uma situação melhor do que a que vivo atualmente. Planejando para longo prazo, eu consigo ter mais segurança e visibilidade da minha vida financeira e me prevenir de eventuais acontecimentos que podem surgir”, diz.

A especialista em investimentos ainda explica que, quanto mais tempo investindo, é mais fácil alcançar metas financeira, ter mais segurança da saúde financeira e conquistar a sonhada liberdade financeira.

Outro fator importante, segundo Schulz, são os juros compostos, que beneficiam quem investe no longo prazo e tem disciplina de fazer aporte constantes.

Agi destaca ainda que, em algum momento da vida, a pessoa vai trabalhar menos, por vontade própria ou não. E, para não depender de ninguém ou do governo, é importante ter uma reserva para substituir a renda no futuro. Assim, segundo o sócio da Alta Vista Investimentos, esse é o principal motivo de investir a longo prazo.

Como lidar com oscilações do mercado

Por outro lado, ao fazer investimentos, em especial na renda variável, o investidor precisa ter claro que existem oscilações e não é possível prever de forma antecipada o rendimento de seus investimentos.

Oscilações que chegaram, por exemplo, a preocupar investidores em setembro de 2021. Foi possível acompanhar algumas quedas do Ibovespa, o principal índice da bolsa de valores brasileira, impactado por fatores internos e externos. O índice fechou o mês com um recuo de 6,6%, a pior queda mensal desde 2020 e, no ano, o Ibovespa recuava 6,75% até o último dia do mês.

Em  8 de setembro, o Ibovespa caiu 3,78%, um dia após  protestos e falas do presidente da República, Jair Bolsonaro, sinalizando crise entre os poderes. No dia seguinte, o Ibovespa voltou a se recuperar e chegou a disparar mais de 2% após divulgação de carta de Bolsonaro em tom apaziguador com o Supremo Tribunal Federal (STF).

Houve também o caso Evergrande, que trouxe receio de um possível calote da gigante chinesa do setor imobiliário. Neste dia, as bolsas mundiais foram impactadas e a do Brasil não ficou de fora. O Ibovespa fechou em queda de 2,33%.

Na sequência, a crise energética na China, a alta nos rendimentos dos títulos do Tesouro americano de 10 anos e preocupações com inflação voltaram a impactar o principal índice da bolsa.

Agi explica que quem investe em bolsa de valores precisa estar ciente que oscilações vão ocorrer e que a dúvida é quando e a magnitude, o que não se tem como prever. Ele destaca, no entanto, que, para quem está alinhado com o longo prazo, a volatilidade pode ser boa, pois o investidor pode comprar ativos que considera interessante a um preço descontado.

Schulz aponta ainda que investir a longo prazo permite que os investimentos sejam menos impactados pelas oscilações.

“Somos um país que tem que apertar os cintos, pois qualquer coisa pode acontecer. Tem o risco fiscal, político. O investidor pode e deve no curto prazo ter uma variação negativa dos seus investimentos, mas quem investe no longo prazo, em empresas boas, sólidas, que vai de acordo com perfil do investidor, pode ficar tranquilo que isso supera as oscilações de curto prazo. A bolsa de valores é da estratégia de longo prazo”, destaca a especialista.

Como escolher um investimento de longo prazo

IIlustração de homem com lápis fazendo contas para nvestir a longo prazo

Para fazer investimento a longo prazo, são necessários alguns passos para conseguir alcançar as metas desejadas, como:

  • Tenha planejamento financeiro: de nada adianta ter sonhos, sem organização para alcançá-los. Por isso, o planejamento financeiro é importante. A partir dele, o investidor consegue identificar em qual momento financeiro está, o quanto ganha, gasta e como pode se organizar para fazer aportes ao longo do tempo e conquistar suas metas financeiras. Trata-se de um grande aliado nos investimentos.
  • Defina seus objetivos: sem metas não tem como planejar o melhor caminho a seguir nos investimentos. Por isso, é importante definir quais são as suas, o que deseja, sonha e para qual momento de vida. Com estes objetivos definidos ficará mais fácil identificar qual investimento pode ser mais adequado.
  • Defina seu perfil de investidor: nos investimentos, o que funciona para um investidor não funcionará para outro. Afinal, cada um tem suas metas, bem como perfil. Por isso, um outro passo importante para investir é saber qual o seu perfil. A partir dele, será possível fazer as escolhas de investimentos mais adequadas ao quanto você está disposto ou não ao risco na busca dos seus objetivos.
  • Conheça e estude o mercado: com organização financeira, perfil e metas definidas, é preciso conhecer e entender sobre investimentos para poder optar por aquele que mais faz sentido para as suas metas e não cair em armadilhas que possam acabar prejudicando suas estratégias. Para isso, estude, informe-se, busque informações, leia, assista a vídeos. São diversos os conteúdos à disposição que podem te auxiliar a tomar as melhores decisões de investimentos.
  • Diversifique os ativos: com um conhecimento das opções disponíveis para o longo prazo é importante fazer a diversificação dos seus investimentos, ou seja, não concentrar em uma única aplicação. A diversificação permite que seus investimentos sofram menos risco mantendo uma carteira equilibrada. Afinal, se você concentrar seus aportes em um único ativo, caso ele se valorize, você terá bons retornos. Do contrário, todo seu investimento estará comprometido.

Com todos estes passos bem definidos e claros, Agi orienta que o investidor faça a escolha do investimento pelo valor, ou seja, qual retorno esperado frente ao risco que ele oferece.

Ele orienta que, ao fazer o planejamento financeiro, é interessante o investidor ter definido o quanto ela tem hoje e qual esforço precisa fazer e qual o retorno sua carteira precisa ter par atingir seu objetivo. Feita essa conta, se chegará no retorno esperado  na carteira do longo prazo. A partir daí, o investidor segue para fazer a seleção dos investimentos.

“É interessante montar uma composição olhando para o retorno esperado e entender se está disposto a aceitar o risco na carteira. A diversificação é importante. Dentro deste portfólio, precisa ter ativos pouco correlacionados, pois se os ativos da carteira andam juntos, em um cenário positivo, sobe. Do contrário, cai. Então, ela não está bem montada. Precisa ter ativos que andem de forma contrária e sejam pouco correlacionados”, orienta.

Em quais empresas investir no longo prazo?

Schulz explica que para quem investe em bolsa de valores com foco no longo prazo, as oportunidades no mercado vão depender da estratégias de cada investidor e como ele avalia as empresas que tem em carteira ou deseja ter.

Ela destaca, no entanto, varejo, energia e financeiro como setores interessantes para investir no longo prazo.

Segundo a analista, ações do setor de varejo estão hoje mais descontadas por causa da alta da inflação e perspectiva de alta da taxa Selic. “São empresas que, no longo prazo, vão se recuperar e ter oportunidades. Magazine Luiza (MGLU3), por exemplo, aumentou seu setor de logística, investiu em galpão logístico, tem um bom aplicativo, quer entrar na privatização correios e tem feito aquisições”, destaca.

Já no caso do setor de energia, Schulz aponta que ações estão descontadas devido à crise hídrica, o que pode ser uma oportunidade com o momento de recuperação do setor, desde que o investidor confie e acredite no modelo de negócio da empresa.

“Este é um serviço que todos dependem, como indústria, agronegócio etc. É uma oportunidade por isso. Não tem como dizer que não vai surgir a necessidade deste tipo de produto”, pontua.

Já no setor financeiro, a especialista destaca o movimento de digitalização dos processos que vem sendo tomado pelas instituições, além da necessidade de as pessoas precisarem cada vez mais de uma instituição financeira. “O Santander (SANB11), por exemplo, está com proposta de agência somente para investimentos. O Banco do Brasil (BBAS3) tem boa experiência de aplicativo e está sempre investindo em tecnologia”, destaca.

Já Agi sugere que é interessante o investidor balancear a carteira em setores de crescimento (growth) e valor (value). Ele explica que as de crescimento são empresas que crescem de forma mais rápida, distribuem menos dividendos, o potencial de crescimento é maior e, com isso, o risco também, além da possibilidade de uma oscilação maior.

Já as de valor, segundo o sócio da Alta Vista Investimentos, são mais robustas, oscilam menos e pagam mais dividendos. “Para quem tem mais apetite ao risco e tem bastante tempo para a independência financeira, talvez possa procurar empresas de crescimento, do setor de tecnologia, que tem velocidade maior de crescimento. Para quem está buscando mais renda, pode ser indicada para o portfólio as empresas de valor. É interessante olhar para o risco e o tempo que você tem para usar estes recursos”, recomenda.

Investir no longo prazo é ter baixo risco?

Schulz destaca que, ao investir no longo prazo, o investidor está sujeito à queda do preço dos ativos ou sua valorização. Assim, segundo ela, quanto maior for o tempo de investimento, mais reduzida é a chance de riscos.

A especialista em investimentos lembra da importância de se ter uma reserva de emergência, pois o risco pode não só estar no mercado financeiro, mas em alguma situação inesperada que o investidor venha a passar e precise fazer o resgate de seus investimentos de longo prazo, podendo sair no prejuízo.

Schulz alerta, no entanto, que não é somente na renda variável que o investidor corre risco. Na renda fixa, caso o investidor tenha títulos do Tesouro, por exemplo, e faça um resgate antecipado, estará sujeito à marcação a mercado, que pode ser benéfica ou prejudicial ao investimento feito.

“A reserva de emergência acaba trazendo a segurança de que, se o investidor tiver a sua, não precisará resgatar o que investiu, sinal que está investindo realmente com foco no longo prazo”, diz.

Já Agi aponta que definir risco é relativo. “Se a pessoa ‘carimbou’ um patrimônio para longo prazo, é sinal que ela pode correr risco. A relação risco e retorno existe. Se quer mais retorno e tem mais prazo, existe a possibilidade de correr mais risco de mercado. É possível minimizá-lo, mas a oscilação não. E, nela, existe a possibilidade de encontrar oportunidades”, avalia.

“O que será o catalizador da carteira vai ser o quanto o investidor poupa todo mês. Quanto mais poupa, mais risco pode tomar, e aí é a vantagem de comprar mais barato quando os ativos caem. A hora que tiver esse pensamento, o investidor vai descobrir que risco é bom e não precisa se preocupar com ruídos de curto prazo e aproveitar para comprar cada vez mais barato”, diz Agi.

Qual é o melhor investimento de longo prazo?

Os especialistas consultados pelo InvestNews apontam que não há um  investimento de longo prazo que pode ser o melhor para todo investidor. Isso dependerá das metas financeiras que foram traçadas para encontrar o investimento que melhor se adeque para a conquista dos objetivos.

Segundo Schulz, o importante é o foco do investidor no longo prazo e a realização de aportes constantes para ser beneficiado da ação dos juros compostos.

Confira algumas opções de investimentos a longo prazo e se elas podem ser interessantes para as suas estratégias:

Ações

É a menor parte do capital social de uma empresa. Ao adquiri-la, o investidor está comprando um pedaço da companhia e, consequentemente, tornando- se sócio dela.

Os especialistas ouvidos pelo InvestNews apontam que se trata de um investimento interessante para o longo prazo, pois é investimento em empresas, em negócios que podem prosperar, crescer bastante, valorizar o papel e distribuir dividendos, além da possibilidade de, nos dias de hoje, ser possível investir em ações do exterior por meio dos BDRs.

LCIs e LCAs

Letra de Crédito Imobiliário e a Letra de Crédito do Agronegócio são títulos de renda fixa que são emitidos por bancos. O primeiro, para atividades do setor imobiliário. O segundo é destinado ao setor de agronegócio.

Segundo os especialistas, os títulos possuem baixo risco, são seguros e trata-se de preservação do investimento. Além disso, em meio a um cenário de juros mais alto, elas fazem mais sentido, pois a renda fixa passa a pagar um pouco mais, além de serem isentas de Imposto de Renda. Já quando o juros estiver em tendência de queda, a recomendação é reduzir a alocação neste ativo.

É importante lembrar, no entanto, que a LCI e a LCA não possuem liquidez diária. Desta forma, não é possível fazer o resgate de forma imediata.

Debêntures

São título de dívida emitido por empresas, ou seja, o investidor faz empréstimo de dinheiro para uma companhia pagar suas dívidas ou fazer investimentos.

Os especialistas explicam que é preciso se atentar quem é a empresa emissora do título para evitar possível risco de calote, além disso não há a garantia do Fundo Garantido de Crédito (FGC). Por outro lado, eles explicam que trata-se de um investimento que faz sentido para o longo prazo, principalmente se for indexado à inflação, além de ser isenta de imposto de renda.

Um dos destaques são as debêntures incentivadas, quando o valor obrigatoriamente deve ser investido em obras no país, sendo, assim, mais seguras.

BDR

São recibos de ações de companhias negociadas no exterior e lastreadas na bolsa de valores brasileira.

De acordo com os especialistas, é uma interessante forma de investir em empresas do exterior para quem tem receio de usar plataformas de investimento estrangeiro. Além disso, é uma forma de diversificação global e barata da carteira.

Fundos imobiliários

São uma espécie de grupo de investidores que desejam aplicar recursos em diversos tipos de investimentos imobiliários.

De acordo com os especialistas ouvidos pelo InvestNews, apesar de ser um investimento de renda variável, a oscilação é menor que do Ibovespa, por exemplo, e é recomendável tanto para o Investidor arrojado quanto moderado, sendo uma opção para aqueles que não tem capital, mas desejam investir em imóveis.

Além disso, trata-se de um investimento que paga dividendos, o que pode ser reinvestido e aumentar o patrimônio ao longo dos anos, além de ser isento de tributação.

Fundos multimercados

São fundos que fazem alocações em diferentes investimentos. E, com isso, segundo os especialistas, é importante se atentar à estratégia do fundo.

Além disso, para o investimento no longo prazo, ele colabora para descorrelacionar a carteira, contribuindo para que se tenha ativos que se comportem de forma diferente, diminuindo o risco do portfólio.

Previdência privada

É o típico investimento de longo prazo especifico para a aposentadoria, sendo uma boa oportunidade para quem já está planejando este momento da vida, além de ser uma alternativa ou até mesmo um complemento para a Previdência Social.

Segundo os especialistas, a previdência privada é um “veículo de investimento”, ou seja, é preciso se atentar qual será o produto de investimento que será o foco da previdência e escolher a melhor estratégia que condiz com os objetivos do investidor.

Renda fixa

Trata-se de um investimento que já se tem um cálculo pré-definido do retorno do que foi investido.

É uma modalidade de investimento recomendada para quem tem um perfil mais conservador, é considerada uma espécie de preservação do patrimônio, onde também é possível encontrar taxas interessantes de retorno.

Dentre as opções de investimento em renda fixa, os especialistas destacam, por exemplo, o título do Tesouro IPCA+, ou seja, ele paga a inflação mais uma taxa fixa previamente acordada. Com isso, o investidor mantem seu poder de compra, já que consegue se protege da inflação, e, quanto mais longo prazo for o título, maior poderá ser o retorno, devido aos juros compostos.

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Este conteúdo é de cunho jornalístico e informativo e não deve ser considerado como oferta, recomendação ou orientação de compra ou venda de ativos.

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