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Melhores investimentos: onde investir no segundo semestre de 2021?

De renda fixa a criptomoedas, saiba quais são as melhores oportunidades para conseguir rendimentos acima da Selic na segunda metade do ano.

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A primeira metade do ano chegou ao fim e a expectativa do mercado é que a economia encontre um rumo de recuperação. Segundo projeção do boletim Focus do Banco Central, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deve fechar o ano com crescimento de 5,05%. Neste cenário, uma das principais preocupações do investidor é onde encontrar os melhores investimentos para o segundo semestre de 2021.

Em meio a um ritmo de vacinação contra a covid-19 inferior a outras nações, Marilia Fontes, sócio-fundadora da Nord Research, acredita que a retomada não será tão forte quanto o esperado.

Segundo ela, a ausência de mobilidade, em decorrência da lentidão da vacinação, prolongará ainda mais a reabertura econômica. No radar, outras variantes também podem atrapalhar, como desemprego elevado, com uma taxa de 14,7% até abril, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Além do desemprego, há a pressão inflacionária, que pode acelerar com a crise hídrica, e um cenário político agitado cada vez mais próximo do ano eleitoral.

Retrospectiva econômica

No primeiro semestre de 2021, Marília cita diversos fatores que marcaram a pauta macroeconômica, como a prorrogação do auxílio emergencial, que era algo inesperado mas contribuiu com a melhora de alguns indicadores econômicos.

Entre os aspectos positivos, a produção industrial e vendas no varejo apresentaram números mais fortes que o esperado, o que contribuiu com o crescimento do PIB.

Já do lado negativo, foi perceptível uma continuidade na pressão dos preços da indústria, como por falta de peças, principalmente para o setor automotivo, o que afetou as cadeias produtivas. “Houve descontinuidade de preços também na construção civil e em setores ligados ao dólar”, reforça Marília.

Segundo ela, a inflação também trouxe surpresas negativas, como o aumento dos preços de botijão de gás, comprovando que a pandemia ainda pesava no bolso dos brasileiros.

Na visão de Rodrigo Natali, especialista em multimercados e câmbio da Inversa, a economia brasileira oscilou entre o pessimismo e o otimismo, desde a decepção com o avanço da vacinação até o receio de estourar o teto de gastos.

A inflação de 12 meses, no patamar de 8,06% até maio, bem superior ao esperado, pressionou os juros de curto prazo, que aceleraram altas, com a Selic no patamar de 4,25% houve um sentimento de insegurança, sobre possíveis desestímulos na economia para conter a inflação.

No entanto, na curva de juros de longo prazo (que indica o nível de incertezas para o futuro) já era perceptível essa tendência com os juros DI com vencimento em 2027 saltando de 6,4% para 8,6%.

Houve ainda sinais positivos como alta arrecadação do governo, uma balança comercial de R$ 53 bilhões e entrada de capital na bolsa de valores, por causa da depreciação do real frente ao dólar.

O que esperar da economia no segundo semestre?

Pandemia e Lockdown

Segundo Marília, no segundo semestre deste ano o isolamento social deve ser mais longo, por causa do atraso da vacinação. A economista cita também potenciais problemas com a vacinação da Coronavac. “Em alguns países, pessoas vacinadas com ela ainda apresentam casos e é possível que precisem ser imunizadas com outras doses”, aponta.

Para ela, a mobilidade só deve ocorrer com 40% ou mais da população brasileira imunizada. Atualmente, essa proporção é de 12,41% dos brasileiros com a imunização completa de duas doses, em média 26,2 milhões de pessoas.

“A nossa base de vacinação mostrou dificuldades de promover uma abertura rápida. Não teremos uma reabertura como nos EUA onde as pessoas já circulam sem máscara”, defende.

Já Rodrigo Natali tem uma visão mais otimista sobre o avanço da imunização e acredita que a população brasileira está mais acostumada com vacinas, em comparação a outros países, o que deve reduzir as mortes. “Acredito que não voltaremos aos níveis de contaminação de fevereiro e março”, comenta.

Efeitos da pandemia

Em relação aos impactos da pandemia na economia, Marília acredita que se o auxílio emergencial continuar, mais dinheiro na mão das pessoas deve contribuir positivamente com o consumo, especialmente em um cenário de juros baixos, se considerado o histórico da Selic no passado.

Contudo, a economista está cética quanto a uma recuperação muito forte, com o desemprego elevado, mobilidade fraca e eleições no próximo ano. Ela aponta não estar muito otimista com o crescimento do PIB. “Quem investiria no Brasil com eleições chegando, inflação persistindo e juros elevado?”, questiona.

Natali, da Inversa, aponta que há mudanças introduzidas na pandemia que vieram para ficar, e isso pode acabar impactando certos setores da economia. É o caso do home office, com mais pessoas trabalhando em casa, em que uma longa cadeia produtiva é afetada. “Bairros comerciais, com escritórios corporativos, restaurantes, bancos, academias e estacionamentos podem perder uma base forte de clientes”, explica.

Então, mesmo com a reabertura, Natali acredita que a economia não voltará a ser como antes, precisando se adaptar aos novos padrões de comportamento.

Juros e dólar

Segundo o último boletim Focus do Banco Central, a taxa de juros (Selic) deve chegar a 6,5% até o final de 2021 e se manter neste patamar em 2022. Já o câmbio deve fechar o ano no patamar de R$ 5,10.

Para os especialistas consultados pela reportagem, a taxa de juros pode subir ainda mais do que o projetado pelo Banco Central, enquanto o real deve valorizar frente ao dólar no curto prazo para depois ter uma inversão em decorrência do risco eleitoral propiciando um câmbio superior a R$ 5,10 até o final do ano.

Marília, da Nord Research, explica que o mercado já trabalha com uma projeção de 8,5% para a taxa de juros. Desta forma, se o ano finalizar com a Selic acima de 6,5%, não será uma surpresa para os agentes de mercado.

Ela acredita que por causa da inflação e as eleições no ano que vem, os juros devem precificar para cima, principalmente se um candidato com visões mais populistas chegar com propostas de flexibilizar o teto de gastos. “Em uma eventual briga de popularidade fiscal, o prêmio de risco aumentaria”, afirma.

Já no caso do câmbio, existem ainda muitas incertezas, segundo a economista. Inicialmente, ela enxerga a recuperação dos Estados Unidos como uma janela de captação para boas empresas no mercado brasileiro, com esse fluxo de investidores estrangeiros e novos IPOs no mercado de capitais, veremos um fluxo forte de dólar no curto prazo.

Já para o médio e longo prazo, com a eleição e o risco de uma mudança na política econômica, ela acredita que o investimento estrangeiro deve diminuir no Brasil. “Caso um candidato de esquerda lidere as pesquisas, tradicionalmente mais desenvolvimentistas e menos ligados com o teto de gastos, os investidores ficarão mais cautelosos e o câmbio pode disparar”, defende.

Desta forma, a relação entre o risco fiscal será crucial para determinar o cenário do câmbio.

Em relação à Selic, Natali, da Inversa, considera exagero o mercado projetar os juros acima de 7,5%. Ele defende que a taxa de juros deve ser superior a 6,5%, mas inferior a 7,5%.

Já para o dólar, ele enxerga o câmbio em um patamar superior a R$ 5,10 até o final do ano.

Ele explica que, como a alta dos juros é uma medida para segurar a inflação, quando esta normalizar, apoiada pela desvalorização do câmbio e o fim do boom das commodities, os juros também podem ser normalizados.

“Se a curva de juros parar, será um driver positivo para o câmbio, permitindo apreciação”, explica.

Ele também cita que, com a reabertura econômica, muitos brasileiros devem começar a gastar no exterior, com viagens, artigos de luxo, entre outros. Com a importação de produtos, o câmbio deve se beneficiar, jogando o preço do dólar para cima.

Além de uma balança comercial positiva, ele cita os fundos brasileiros comprados em dólar que podem acabar vendendo a moeda para se proteger da inflação.

No entanto, perto do fim do segundo semestre, com as eleições chegando, Natali acredita que muitos investidores devem procurar proteção na moeda, aumentando o apetite de risco, o que deve novamente aumentar o preço do câmbio.

Inflação

Embora a inflação de 12 meses tenha alcançado no patamar de 8,06% até maio, a projeção do Boletim Focus aponta uma normalização, encerrando o ano em 5,97%.

Marília defende que teremos uma inflação “benigna” no segundo semestre, favorecida pela volta inicial do câmbio, a níveis de R$ 4,90, que beneficiará itens administrados pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).

Ele acredita que no segundo semestre haverá outros choques inflacionários, facilitando o reestabelecimento da cadeia produtiva na construção civil e no setor de alimentos.

Contudo, entre os sinais de risco, a crise hídrica pode alterar este panorama positivo, com a seca se estendendo além do previsto e fazendo necessário o uso de bandeira vermelha por mais tempo.

No cenário externo, a economista alerta sobre a alta dos juros americanos, além do aumento da inflação norte-americana, que pode fazer com que o real se desvalorize rápido até 2022. Se isso acontecer, os juros continuariam subindo, atrapalhando os planos de recuperação da economia brasileira.

Natali, da Inversa, está convicto de que as projeções do Focus não refletem a realidade, ele defende que a inflação deve surpreender positivamente este ano, mas garante que vai estourar a meta de 5,25%.

“Acredito que a inflação desacelera, fazendo com que os juros longos fiquem mais comportados”, diz.

Risco Político

Segundo Felipe Fernandes, chefe de análise da Flip Investimentos, o ‘super impeachment’ não deve ter grandes avanços na Câmara e no Senado.

O analista explica que este pedido, que reúne todos os anteriores feitos até agora, pode propiciar um desgaste político para Jair Bolsonaro. O presidente já está com a imagem prejudicada após polêmica de superfaturamento da vacina Covaxin, contudo Fernandes não acredita que o pedido de impeachment tenha sucesso.

“No passado já houve diversos processos de impeachment protocolados e nenhum foi levado em consideração”, aponta. Segundo o analista, Bolsonaro tem hoje um relacionamento melhor com os líderes da Câmara e do Senado, o que pode acabar barrando o pedido.

Fernandes reforça que mesmo se o impeachment passar, o mercado não deve ter movimentos muito expressivos, dado que em 2022 teremos ano eleitoral com os investidores voltando a sua atenção para a cena política.

Melhores investimentos 2021 

Encontrar o melhor investimento para o segundo semestre é uma tarefa que requer muitos esforços, desde analisar o cenário macroeconômico, até a estratégia e perfil do investidor e os riscos que está disposto a encarar por uma rentabilidade maior.

O que rende acima da Selic?

Para conseguir uma rentabilidade superior ao patamar atual da Selic, com juros de 4,25% ao ano, o investidor de renda fixa precisará correr mais riscos.

Eduardo Perez, da Easynvest by Nubank, aponta que a tendência investir a longo prazo é que a inflação fique abaixo da Selic, mas caso o investidor acredite que a inflação vai continuar subindo acima dos juros, os títulos atrelados ao IPCA podem entregar um resultado superior a atual taxa de juros no curto prazo.

Já Marília Fontes, da Nord Research, prefere manter uma postura mais conservadora nos investimentos de renda fixa. Ela aponta que, considerando que a taxa de juros ainda está abaixo de 2 dígitos e o Brasil não aumentou sua produtividade nem reduziu sua dívida pública, seria muito arriscado para o investidor tomar mais riscos para conseguir retornos acima da Selic.

Para ela. o momento atual pede ser conservador e não correr riscos, se refugiando principalmente nos títulos pós-fixados.

Na renda variável, é possível sim encontrar rendimentos superiores a 4,25% ao ano, desde fundos imobiliários e ações com um retorno em dividendos superior a 6% ao ano.

Já no caso de ações, BDRs e criptomoedas, com estratégia de valorização, os especialistas destacam que não é possível determinar o retorno das aplicações, mas para quem está disposto a segurar as oscilações dos investimentos, estes podem ter uma rentabilidade muito superior à renda fixa, acreditam.

E o que rende 1% ao mês?

Considerando que a taxa Selic atual é de 4,25% ao ano, o rendimento nominal mensal de uma aplicação que segue a taxa básica é de 0,35%. Neste cenário, é quase impossível encontrar uma aplicação na renda fixa que entregue 1% ao mês.

Perez destaca que, para conseguir taxas mensais superiores a 0,35%, o investidor precisará recorrer a títulos prefixados privados, com maior risco e prazos superiores. “O investidor precisará analisar quem é o emissor do titulo e os riscos existentes”, explica.

É o caso dos títulos de dívida (debêntures) ou até mesmo CDBs prefixados com rendimento de 13,50% ao ano, que ao mês teriam uma rentabilidade de 1,06%.

Na renda variável também é possível encontrar rendimentos interessantes, porém não garantidos, por meio de fundos imobiliários, ações, BDRs e criptomoedas, segundo os especialistas. No entanto as oscilações das aplicações não permitem determinar um rendimento mensal constante.

Veja a seguir as recomendações dos especialistas sobre quais são os melhores investimentos para o segundo semestre de 2021:

Melhor investimento da renda fixa

Embora o boletim Focus do Banco Central projete uma taxa de juros de 6,5% para o final de 2021, os especialistas consultados pela reportagem já trabalham com uma perspectiva de 7,5%.

Neste cenário, Marilia Fontes, da Nord Research, aponta que a melhor estratégia do investidor na renda fixa para o segundo semestre é a conservadora. Isso porque embora a taxa de juros esteja inferior a dois dígitos, é possível ter impactos nos juros americanos e pressão com as eleições de 2022 que podem afetar a trajetória da curva de juros.

Por este motivo, ela recomenda olhar a renda fixa como uma ferramenta de proteção de patrimônio no segundo semestre.

Marília enxerga como melhores investimentos para o segundo semestre os títulos pós-fixados, a remuneração segue um indexador que pode ser Selic ou CDI e que acompanha a evolução dos juros, entre eles Tesouro Selic, CDBs pós fixados, LCIs e LCAs de bancos atrelados ao CDI. 

Para o investidor que busca se proteger da inflação existe a alternativa de investidor em títulos indexados à inflação de curto prazo (com vencimento de até 2 anos). Estes remuneram a inflação IPCA do período mais um prêmio geralmente prefixado.

Marília recomenda ficar longe de títulos de renda fixa prefixados e indexados à inflação de longo prazo.

Segundo ela, os prefixados podem oferecer retornos menores que o investidor conseguiria com um pós-fixado em tempos de Selic em alta. Já os investimentos indexados à inflação de longo prazo devem sofrer marcação a mercado, já que a parte prefixada acompanha o juro real e pode trazer retornos negativos aos investidores.

Já Eduardo Perez, analista da Easynvest by Nubank, acredita que a Selic deve continuar em um movimento de alta, na tentativa de controlar a inflação. O avanço da vacinação também deve garantir a retomada das atividades econômicas mais afetadas durante a pandemia.

Neste contexto, o analista acredita que os títulos pós-fixados são a melhor alternativa porque continuaram se beneficiando desse movimento de alta na taxa de juros, mesmo com a inflação superando a Selic no acumulado de 12 meses.

Já para quem procura proteger os investimentos de renda fixa da inflação, Perez aconselha investir em títulos atrelados à inflação, desde que se tenha um objetivo de longo prazo sem previsão de resgate antecipado.

Ele explica que títulos atrelados à inflação, se levados até o vencimento, entregam rendimentos acima do IPCA. No entanto, o investidor precisa estar propenso a encarar a volatilidade dos títulos e a marcação a mercado.

Por exemplo, os títulos indexados à inflação de curto prazo tendem a sofrer menos com a marcação do que os títulos indexados de longo prazo. “Quando a curva de juros sobe, os títulos indexados começam a ter um juro real interessante para quem fizer novos aportes”, explica.

Mas ao mesmo tempo, como a taxa atual se baseia na curva de juros, quem já tinha títulos indexados à inflação na carteira antes dessa alta da curva pode ver o preço do título cair frente a marcação a mercado.

Para quem não gosta de enfrentar esse tipo de susto com a variação negativa do seu investimento de renda fixa, Perez aconselha seguir uma estratégia apenas de pós-fixados.

Já entre os ativos que é melhor ficar longe, Perez cita os títulos prefixados. Ele aponta que o momento ideal para investir títulos em carteira é durante uma estabilidade maior da economia ou perspectivas de queda de juros.

Para quem ainda gosta desta estratégia, ele aconselha se posicionar apenas em títulos com vencimentos curtos, lembrando que o período eleitoral em 2022, pode trazer mais oscilações e a depender do candidato vencedor, os juros dos próximos 4 anos podem aumentar, oferecendo taxas superiores do que os prefixados.

Outras visões

Rodrigo Natali, da Inversa, tem uma visão diferente para aplicações de renda fixa. Para ele, apenas dois ativos na renda fixa podem ser considerados como os melhores investimentos, são estes: Tesouro IPCA com vencimento em 2025 e títulos prefixados com vencimentos de 5 ou 6 anos.

Ele não enxerga os títulos pós-fixados atrelados ao CDI ou Selic como oportunidades neste momento, porque acredita que a curva de juros nos próximos seis meses não deve superar os 7,5%. Neste contexto, ele defende que é melhor para o investidor fechar um prefixado com taxas maiores do que este patamar e vencimento de curto prazo do que ficar refém da retomada dos juros.

Márcia Silva, gerente de investimentos da Sicredi Vale do Piquiri, tem uma visão semelhante a de Natali. Para ela não faz sentido aguardar a taxa de juros subir, sendo que o investidor já pode se beneficiar com títulos prefixados que entreguem um retorno de 8% ou mais em juros ao ano, ela aconselha de preferência escolher títulos com vencimento de até 48 meses.

Ainda como oportunidades na renda fixa, ela destaca fundos de crédito privado que tenham como benchmark o CDI e com ratings A, AA, ou AAA. “LCIs e LCAs atrelados ao CDI também são boas oportunidades”, defende.

Já ela descarta a poupança como investimento, Márcia afirma que a caderneta renda 70% da Selic + TR (taxa referencial), olhando para o rendimento nominal ela renderia 2,98%, bem menos do que um CDB que entrega 100% do CDI, que entrega 4,17%. “Mesmo com o imposto do Renda, o CDB é mais vantajoso”, destaca.

É importante lembrar que mesmo com os juros em alta, a inflação continua pressionando o rendimento da caderneta de poupança, que continua com retorno real negativo.

Considerando que o rendimento dela para 12 meses agora é de 2,98%, e que a inflação projetada pelo Boletim Focus para os próximos 12 meses é de 4,31%o rendimento real da poupança é negativo em 1,28% ao ano.

Melhores FIIs

Segundo José Falcão, analista da Easynvest by Nubank, com o isolamento social, os fundos de shopping e escritórios foram os mais impactados pelo risco de inadimplência e vacância, contudo o pior momento já passou e uma exposição controlada a estes ativos pode ser oportunidade de compra no segundo semestre, tendo em vista que estão bastante descontados em relação ao seu valor patrimonial.

Já no caso dos fundos de papel, como CRI e LCI, Falcão destaca que estes continuam rentabilizando no curto prazo, e por alguns serem atrelados à inflação podem ser ótimos instrumentos de preservação de capital. O analista também cita os títulos indexados ao CDI que com a alta da Selic podem beneficiar os cotistas com rendimentos maiores.

Na carteira de fundos imobiliários da Easynvest by Nubank, os FIIs de papel indexados a inflação ou CDI são considerados os melhores investimentos, além do FII de Galpão Logístico que deve se beneficiar com o crescimento do e-commerce e necessidade de novos canais de distribuição por parte das empresas.

 Falcão recomenda os seguintes FIIs: RBR Alpha Multiestratégia (RBRF11), RBR Rendimento High Grade (RBRR11), Capitânia Securities II (CPTS11), Kinea Securities (KNSC11), Maxi Renda FII (MXRF11), Vinci Logística FII (VILG11), Vinci Shopping Centers FII (VISC11), BTG Pactual Corp. Office Fund (BRCR11). e o BTG Pactual Logística (BTGL11).

Para Nícolas Merola, analista da Inversa Publicações, cada fundo imobiliário mostra um potencial diferente, no caso dos fundos de papel estes possuem vetores de alta mais claros e certos, com a alta dos juros e a inflação, e estão melhor precificados. Enquanto os fundos de tijolo ainda precisam provar seu valor na reabertura econômica e estão bastante descontados.

Merola recomenda os fundos de papel como melhor alternativa para o segundo semestre, com um retorno ajustado ao risco. Entre estes ativos como RBR Rendimento High Grade (RBRR11), para investidores com um portfólio mais conservador indexado ao CDI e à inflação, o fundo tem um retorno em dividendos (dividend yield) de 7,2% para os próximos 12 meses.

Ainda entre as recomendações da Inversa, está o Mauá Capital Recebíveis Imobiliários (MCCI11) para investidores mais arrojados, com uma carteira indexada majoritariamente à inflação. O fundo tem um retorno em dividendos (dividend yield) de 7,9% para os próximos 12 meses.

Para a Flip Investimentos, diversificação é a palavra chave nos fundos imobiliários, contudo Raphaela Olis, especialista de investimentos da casa de análise, destaca que investidores mais cautelosos tendem a se sair melhor com fundos de papéis, que acompanham o aumento na taxa de juros.

Já os fundos de tijolos, que estão muito baratos pela pandemia, também devem ter bons retornos com o avanço da vacinação e reabertura econômica. Raphaela aponta boas oportunidades nos fundos de shoppings e nos fundos de papéis.

Entre os fundos escolhidos pela Flip Investimentos, Felipe Fernandes, chefe de análise cita três oportunidades para o segundo semestre:

  • O REC Recebíveis Imobiliários (RECR11): um fundo de papel com foco em recebíveis que oferece um retorno em dividendos (DY) de 13,3% para os próximos 12 meses. O fundo está indexado à inflação e é um bom ativo para proteção de carteira.
  • O Malls Brasil Plural (MALL11): um fundo de tijolo do setor de shoppings que está descontado e deve se beneficiar com a reabertura econômica. O dividend yield do fundo é de 5,2% para os próximos 12 meses.
  • O BTG Pactual Fundo de Fundos (BCFF11): o ativo é um fundo de fundos que contribui com a diversificação da carteira do investidor e atualmente está bastante descontado. O dividend yield é de 6,9% para os próximos 12 meses.
FIIs: onde investir

Melhores ações

Mesmo com o Ibovespa operando no patamar dos 127 mil pontos, ainda há espaço para valorização do índice da B3, impulsionado por uma demanda econômica mais aquecida. neste cenário as ações de companhias também devem se beneficiar com a reabertura ainda que pressionadas pelos juros e inflação, aponta Antonyo Giannini, analista da Inversa Publicações.

Segundo ele, nem mesmo uma Selic fechando 2021 no patamar de 6,5% pode tirar atratividade do mercado de ações, que já precifica inclusive juros na faixa de 7,5%. O analista explica que considerando a inflação, que também deve beirar os 6% até final do ano, a rentabilidade real deve deixar a renda variável convidativa.

Já André Querne, sócio da Rio Gestão, considera que o aumento da taxa de juros pode até mesmo favorecer o mercado de ação. Com a recuperação da economia e juros maiores, algumas companhias se beneficiam e isso é bom para a bolsa a médio e longo prazo.

Ele também cita que companhias que abriram capital recentemente, pode aproveitar deste momento para se consolidarem, o cenário no segundo semestre também deve ser propício para fusões e aquisições na visão de Querne.

O sócio da Rio Gestão enxerga também uma expectativa de upside do Ibovespa em 15% até o final do ano.

Valorização

Neste cenário bastante otimista para o Ibovespa, Murilo Breder, analista da Easynvest by Nubank, aponta que há muitos setores descontados como commodities e bancos que são ligados a reabertura econômica.

Neste sentido, ele destaca que há muitas ações baratas na bolsa, mas é importante que o investidor identifique companhias com bons fundamentos, muito além de acertar o topo ou o fundo do poço das ações.

Ele enxerga como oportunidades de investimento ações ligadas ao setor de tecnologia e agronegócio.

Breder defende que o setor de tecnologia tem se tornado um assunto cada vez mais secular e com forte potencial de crescimento, por este motivo todo investidor deve ter em carteira. Ele recomenda a compra da CSU Cardsystem (CARD3) até o preço de R$ 28 e para uma estratégia de valorização.

A companhia é responsável pelo processamento de cartões de crédito e outros meios eletrônicos de pagamento e trabalha em quatro áreas de atuação CardsystemContactMarketsystem e ITS.

Recentemente, a CSU inaugurou uma nova unidade de Banking as a Service, para suprir a necessidade de companhias de diversos segmentos (fora do setor financeiro), mas que pretendem oferecer um serviço completo de soluções financeiras. Com a unidade Blue C Technology, a companhia espera movimentar cerca de R$ 8 bilhões nos próximos cinco anos. 

Além da CSU, Breder também enxerga oportunidade no setor de agronegócio que tem carregado o PIB brasileiro nas costas e deve continuar bastante robusto nos próximos 12 meses.

O analista recomenda a compra da small cap BrasilAgro (AGRO3), até o preço de R$ 37. Segundo Breder, a ação é uma alternativa para o investidor com estratégia de valorização e dividendos.

Ainda entre as oportunidades para o segundo semestre ele cita a Aeris (AERI3), com entrada até o preço de R$ 12. O analista acredita que por se tratar de uma companhia fabricante de pás eólicas, esta deve se beneficiar pela procura de uma matriz energética limpa no Brasil, onde a geração eólica tem potencial.

Aeris tem uma participação de mercado de 69%. Já o analista Antonyo Giannini, da Inversa Publicações, enxerga como oportunidade o setor de varejo, que deve se beneficiar com a reabertura econômica e o avanço da vacinação.

Entre os ativos preferidos para o segundo semestre ele cita Pão de Açúcar (PCAR3) e Via (VVAR3).

Para Scarlet Santos, especialista da Flip Investimentos, os setores mais atrativos da bolsa no segundo semestre são o setor bancário, que deve se beneficiar com o aumento da taxa de juros que favorece o lucro dos bancos, e o setor de varejo com o incremento de consumo na reabertura.

A casa de análise cita como oportunidades de entrada a Via (VVAR3), com preço-alvo de R$ 21. Segundo Scarlet, a companhia tem boa performance e se adaptou bem a períodos de crise económica, com uma saúde financeira favorável a expectativa é que a Via traga bons retornos no longo prazo, de acordo com seus indicadores financeiros, estratégia comercial, estoque e aumento de eficiência operacional. A especialista cita também a estratégia de multicanalidade da varejista.

Além da Via, a Flip Investimentos enxerga como oportunidade a small cap Iochpe-Maxion (MYPK3) e recomenda a compra da ação até o preço de R$ 16. Segundo Scarlet, o preço-alvo projetado para o final de 2021 é R$ 19,34 na projeção conservadora e R$ 23,86 na arrojada.

O setor automotivo sofreu bastante na pandemia, reduzindo seu faturamento nacional e globalmente, contudo a expectativa é que com avanço da vacinação este retome também, beneficiando os resultados da companhia. Segundo a especialista, o crescimento esperado para o setor é de 12% nas vendas em 2021 e 8% em 2022.

A companhia também distribui dividendos, com um dividend yield projetado de 5,9% para este ano e 8,2% para 2022.

Entre as recomendações de investimento da Rio Gestão, André Querne cita os setores de saúde, farmacêutico, varejo, que devem ter um movimento de consolidação depois da crise.

Ele também cita companhias ligadas a questão digitais, desde marketplace, e-commerce e bancos digitais, estes últimos que devem se favorecer com a procura dos investidores por contas digitais e alternativas de investimento.

Entre as ações que ele considera oportunidade de entrada estão: Magazine Luiza (MGLU3), Via (VVAR3) e B2W (BTOW3), no setor de varejo

Banco Inter (BIDI11) no setor financeiro, Lojas Renner (LREN3) no varejo de moda e no setor de saúde, ele recomenda a compra de Rede D’Or (RDOR3), Hapvida (HAPV3) e NotreDame (GNDI3).

Olhando para setores mais expostos ao cenário externo, ele também enxerga a Vale (VALE3) como oportunidade para o segundo semestre, a companhia deve valorizar com o minério de ferro chegando ao patamar de US$ 200 a tonelada, além da possibilidade de entregar um retorno em dividendos entre 12% e 15% de DY para os próximos meses.

Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, também vê na Vale uma oportunidade de compra para o segundo semestre, um case para valorização acompanhando o minério de ferro e dividendos.

Ele também aponta como oportunidades a Suzano (SUZB3) e a Rede D’Or (RDOR3). Segundo o analista a demanda de celulose deve aumentar, impulsionada pelo e-commerce e delivery. Komura destaca que a Suzano é uma companhia com perfil ESG (Environmental, Social and Governance), que soube conciliar a sustentabilidade com uma forte geração de caixa.

Rede D’Or (RDOR3) deve se beneficiar com a volta da sinistralidade, que acaba prejudicando players como Hapvida (HAPV3) e NotreDame (GNDI3). Com a demanda por leitos de covid-19 e a retomada de processos eletivos, a Rede D’Or deve viver uma onda favorável até 2022.

Komura também cita que perto do final do semestre, companhias ligadas a reabertura econômica podem apresentar bons resultados, é o caso de CVC (CVCB3), companhias aéreas e o setor de shoppings.

Ações: onde investir

Dividendos

Mesmo com a projeção do Boletim Focus para a Selic terminar este ano no patamar de 6,5% ao ano, Guilherme Tiglia, analista de ações da Nord Research, acredita que investir em boas pagadoras de dividendos ainda é muito vantajoso para o investidor.

Isso porque mesmo na renda fixa estando atualmente no patamar de 4,25%, este seria o retorno nominal de algumas aplicações, mas o retorno real seria majoritariamente negativo considerando a inflação de 12 meses de 4,31%. Veja mais retornos na renda fixa nesta reportagem.

Em contrapartida, o retorno em dividendos de uma companhia já acostuma considerar o desconto da inflação. Exemplificando: Um CDB que paga 100% do CDI entregaria um retorno nominal de 4,17% ao ano, contudo se descontada a inflação de 12 de 4,31%, o retorno real desta aplicação seria negativo em 0,14%.

Enquanto uma companhia com retorno de dividendos (dividend yield) de 5%, deve entregar este DY já considerando a inflação.

Tiglia explica que considerando a média de dividend yield de companhias que integram o Ibovespa, está é de 4%. Se comparada com o ganho real da Selic atualmente, ele aponta que não há justificativas para uma mudança de estratégia.

O analista reforça ainda que na bolsa de valores é possível encontrar boas pagadoras de dividendos com retornos de 6%, 7% e 8%, já considerada a inflação.

Segundo Tiglia, um bom ponto de partida para quem quer construir uma carteira de dividendos é garimpar boas companhias com dividend yield a partir de 5% ou mais.

Ele enxerga como oportunidades para o segundo semestre:

  • Itaúsa (ITSA4): a holding vem entregando um retorno sobre patrimônio (ROE) acima de 15% nos últimos anos, consistentemente mais lucrativa que o índice Ibovespa, que beira na casa dos 10% a.a. O yield esperado de dividendos para os próximos 12 meses é de 4,7%.
  • AES Brasil (AESB3)uma das maiores companhias no segmento de geração elétrica no Brasil, a empresa está se beneficiando pela diversificação do seu portfólio em energia renovável. AES Brasil tem contratos longos e capacidade de honrar o pagamento de proventos. O yield esperado de dividendos para os próximos 12 meses é de 6,3%.

Já Murilo Breder, analista da Easynvest by Nubank, considera que a média de retorno em dividendos de uma carteira com este objetivo deve ser superior a 6%, no entanto para cada ação em particular ele considera um DY mínimo de 2%.

Segundo Breder, além dos dividendos ao escolher papéis descontas, o investidor pode se beneficiar também com a valorização dos ativos.

Entre as recomendações de entrada para o segundo semestre, Breder enxerga oportunidade em:

  • Vale (VALE3): a mineradora tem um retorno em dividendos de 9,9% para os próximos 12 meses, segundo nova projeção do analista. Para Breder, apesar da oscilação do dólar, a companhia deve se beneficiar com o minério de ferro, que segundo projeções da Moody’s deve ser negociado no patamar de US$ 160 a tonelada neste ano. Breder recomenda a compra das ações da Vale até o preço de R$ 130.
  • Itaúsa (ITSA4): o analista projeta um dividend yield de 3,9% para os próximos 12 meses. Breder acredita que com os bancos descontados, a holding Itaúsa surge como oportunidade de investir também em Itaú, com um preço mais barato. Além da exposição a outros ativos como Alpargatas (ALPA4)Duratex (DTEX3)NTS e Copagaz, o analista destaca a distribuição de dividendos da Itaúsa, que é mensal, e pode aumentar nos próximos meses. Breder recomenda a compra das ações da Itaúsa até o preço de R$ 13.

Ainda entre as oportunidades de dividendos para o segundo semestre ele cita a Coca-Cola (COCA34), com um retorno em dividendos de 3,1% para os próximos 12 meses.

A companhia está descontada e deve se beneficiar com a reabertura das economias latino-americanas, que respondem por 20% da sua receita. Ele recomenda a compra do BDR até o preço de R$ 52.

Dividendos: onde investir

Tributação de dividendos muda estratégia?

Um tanto controversa, a proposta de tributar dividendos em 20% incomodou muitos investidores, que devem ver seus lucros com renda passiva diminuindo.

Para Tiglia, da Nord Research, esta tributação deve ser inevitável, considerando que em outras economias desenvolvidas já existe a tributação de dividendos em alíquotas maiores.

No entanto, ele destaca que além do Brasil ter uma alíquota menor do que comparada a outras nações, está não e a primeira vez que os dividendos sofrem tributação no país.

Em contrapartida, as empresas devem ter uma redução no número de impostos, o que segundo o analista pode ter um efeito compensatório. “Com menos impostos uma companhia tem lucros maiores e em consequência um dividendo maior”, explica.

Já o lado negativo da proposta, é que não foi colocada a isenção para até R$ 20 mil recebidos por mês, por este motivo ele acredita que todos os investidores de dividendos, independentemente do patrimônio podem ser tributados se esta reforma for aprovada.

Porém, mesmo com o imposto de renda, o analista destaca que companhias com um dividend yield acima de 6% continuarão atrativas se comparadas com o ganho real da renda fixa. Tiglia também enxerga como positivo o fim dos juros sobre capital próprio como ferramenta de remuneração dos acionistas.

Já Breder defende que a tributação de dividendos não será o fator que deve tirar a atratividade de uma carteira diversificada de ações no longo prazo (acima de 10 anos).

Segundo o analista da Easynvest by Nubank, com ou sem tributação de dividendos o investidor deve continuar fazendo aportes constantes.

Ele enxerga o fim dos juros sobre capital próprio como positivo, porque facilitará a entrada de investidores internacionais que vão conseguir entender melhor a dinâmica brasileira.

Melhores BDRs

Segundo os especialistas consultados pela reportagem, dolarizar a carteira é sempre uma alternativa saudável para o investidor.

Felipe Martin, analista de ações da Levante Investimentos, aconselha aos investidores ter de 10% a 15% da sua carteira alocada em ativos dolarizados, seja BDRs (Brazilian Depositary Receipts) ou fundos cambiais. Já para aqueles investidores que pretendem morar no exterior, a posição em BDRs deve ser maior, segundo o analista.

Ele explica que ter um portfólio de BDRs garante aos investidores uma proteção em uma moeda forte, frente a possíveis conflitos na pauta política e econômica que usualmente ocorrem no Brasil.

Ainda entre as vantagens de investir em BDRs no segundo semestre, João Piccioni, analista de investimentos internacionais da Empiricus, destaca a recuperação da economia americana que deve continuar crescendo com força, no patamar dos 7% segundo o Federal Reserve.

Nesse cenário otimista, muitos papéis de companhias americanas devem retomar seu ritmo de alta no segundo semestre, com lucros maiores e valorização das suas ações.

Contudo, os especialistas destacam a importância de o investidor considerar duas variável na hora de escolher um BDR, são estas: valorização das ações da companhia no país de origem e variação cambial.

Segundo Piccioni, o investidor brasileiro precisa entender que estas duas variáveis compõem um BDR. Desta forma, em um cenário onde a economia americana cresce, as ações de companhias americanas se valorizam, no entanto, se o risco global diminuir, as moedas de países emergentes como o real, podem também valorizar frente ao dólar. Neste cenário, o retorno de um BDR será determinado pela rentabilidade das ações da companhia investida e a variação do câmbio para o real.

Por este motivo, o analista da Empiricus acredita que uma carteira diversificada deve ter exposição a BDRs e também a companhias brasileiras.

Murilo Breder, analista da Easynvest by Nubank, também concorda com esta visão. Ele defende que o investimento em BDRs deve ser sempre encarado como de longo prazo e para preservação de patrimônio. Desta forma, mesmo com uma variação negativa do dólar, surgem novas oportunidades de investimento no curto prazo aproveitando o desconto dos ativos.

BDRs para valorização

Olhando para uma tese de crescimento, os melhores investimentos em BDRs para este segundo semestre segundo os analistas serão as FAAMG, acrônimo utilizado para representar ações de grandes empresas de tecnologia, entre estas: Facebook (FBOK34), Amazon (AMZO34), Apple (AAPL34), Microsoft (MSFT34) e Google (GOGL34). Alguns dos especialistas consultados pelo InvestNews também enxergam oportunidade de entrada na Netflix (NFLX34).

Estas companhias tiveram um ótimo crescimento no 1º semestre e devem permanecer nessa tendência até o final do ano, segundo os especialistas.

De acordo com Piccioni, da Empiricus, as FAAMG são capazes de sobreviver a qualquer teste do tempo e devem se beneficiar pelo auge da economia digital no segundo semestre.

Ele destaca que a Amazon (AMZO34) está entrando em novos segmentos, que podem trazer ainda mais retorno ao investidor, é o caso da compra do MGM Studios por US$ 8,45 bilhões  ou os serviços em nuvem ofertados pela AWS Amazon. A companhia está entre as 3 top recomendações de BDRs da Empiricus.

Outras citadas pela casa de análise para estratégias de valorização são: a petroleira BP (B1PP34), que está mudando sua estratégia para energia limpa até 2023. Segundo Piccioni, com o petróleo no patamar de US$ 70, a companhia deve ter lucros extraordinários e desalavancar com facilidade, desta forma, o preço das ações também é favorecido.

Já a terceira recomendação da Empiricus é o BDR da Roku (R1KU34), uma companhia que trabalha com um produto ligado ao universo do streaming, centralizando serviços de diversas plataformas do setor e levando para os lares de 53 milhões de clientes.

A companhia monetiza com as grandes plataformas de streaming e também com anúncios ADS de publicidade. Para Piccioni, este BDR representa uma ótima oportunidade em um cenário mais digital e de crescimento do streaming.

Olhando para a valorização além das FAAMG , Felipe Martin, da Levante Investimentos, cita também como oportunidade o BDR da Sales Force (SSFO34), uma companhia que trabalhava com desenvolvimento de sistemas de relacionamento CRM, com participação de 20% nesse mercado. Segundo Martin, a companhia apresentou um crescimento de receita de 24% ao ano, nos últimos cinco anos e uma margem operacional de 19%.

Para Murilo, Breder da Easynvest by Nubank, o melhor BDR para valorização é a Aura Minerals (AURA33). A companhia é uma mineradora de ouro que tem o objetivo de dobrar de tamanho até 2024. Segundo o analista, o caixa sólido da Aura permite a empresa fazer aquisições e pagar dividendos ao mesmo tempo.

Por ser uma mineradora de ouro, o investidor também fica protegido frente a períodos de crise, porque o ouro tem uma correlação negativa com a economia global.  A companhia tem um retorno em dividendos de 5,5% para os próximos 12 meses. Breder recomenda a compra do BDR com preço-alvo de R$ 82.

Além das companhias acima citadas, outros setores que devem se beneficiar na economia americana segundo Matheus Kraft, assessor da Ikedo Investimentos, são tecnologia, saúde, bens de consumo e varejo. Ele aponta que neles é possível encontrar boas oportunidades de investimento em BDRs para médio e longo prazo. “No curto prazo podem ocorrer oscilações por conta da economia, por isso é sempre bom considerar uma expectativa de médio prazo em diante”, explica.

O assessor destaca também a baixa liquidez que alguns BDRs ainda tem no mercado, por este motivo nem sempre o investidor pode comprar e vender no preço justo, o que ele considera um sinal de atenção.

BDRs para dividendos

Para aqueles investidores que gostam de montar um portfólio de dividendos com exposição a BDRs, Martin da Levante recomenda a Johnson & Johnson (JNJB34), segundo o analista a companhia deve entregar um retorno em dividendos (dividend yield) de 2,5% ao ano para os próximos 12 meses.

Já Breder, da Easynvest by Nubank, recomenda a Coca-Cola (COCA34). A companhia deve ter um retorno em dividendos de 3,1% para os próximos 12 meses.

Segundo Breder, a Coca-Cola é uma das melhores pagadoras de dividendos nos Estados Unidos. Descontada, ele explica que a receita da companhia deve se beneficiar pela reabertura da América Latina, mercado que concentra 20% da sua receita. Breder recomenda a compra do BDR até o preço de R$ 52.

Além da Coca-Cola e a Johnson & Johnson, Kraft da Ikedo Investimentos cita outras companhias conhecidas por ser boas pagadoras de dividendos nos Estados Unidos, são estas: Exxon Mobil (EXXO34), Chevron (CHVX34), Pfizer (PFIZ34) e o banco JPMorgan (JPMC34).

Contudo, ele destaca que os dividendos de BDRs são tributados e nem todas as companhias americanas contam com a política de distribuição de lucros, por isso ele considera mais vantajoso investir em pagadoras de dividendos brasileiras, onde é possível encontrar um dividend yield maior.

Melhores ETFs de BDRS

Além dos BDRs, é possível também investir em recibos de ETFs ou BDRs de ETFs.

Martin da Levante enxerga como oportunidade para o segundo semestre, o BDR de ETF BEWU39, que replica o índice da bolsa do Reino Unido. Para o analista, muita empresa europeia sofreu durante a pandemia, mas pela sua composição majoritariamente em commodities, setor financeiro e de consumo pode ajudar muitos investidores a equilibrar carteiras, aponta.

Para ele, uma carteira vencedora é aquela que consegue ser equilibrada no longo prazo.

Já Breder, da Easynvest by Nubank, indica o BDR de ETF BIYF39, este ativo replica o ETF composto pelas principais companhias do setor financeiro americano, entre estas a Berkshire Hathaway do Warren Buffet.

Segundo o analista, caso os juros americanos retomem um ciclo de alta, este ETF pode ser uma ótima proteção contra a inflação, além de ser um ativo para investidores que procuram valorização e crescimento.

BDRs: onde investir

5 melhores criptomoedas

Para André Franco, analista de criptoativos da Empiricus, o segundo semestre de 2021 deve se caracterizar por pressões temporárias no mercado das criptomoedas, contudo ele esclarece que este ciclo de baixa não será semelhante ao de 2018, que durou mais de 12 meses, e sim uma queda transitória.

O analista enxerga ainda um novo ciclo de recuperação para o bitcoin, com o mercado testando os US$ 20 mil.

Entre os fatores que devem favorecer o mercado de criptoativos, Franco cita o investimento direto ou indireto de grandes empresas em criptomoedas. Já do lado negativo, avanços na regulação que tentem barrar o crescimento das criptomoedas podem ser prejudiciais para o mercado em geral.

O analista da Empiricus recomenda a compra de Bitcoin (BTC) e Ethereum (ETH) para o segundo semestre deste ano. Ele destaca que o protocolou Ethereum deve sofrer uma atualização no dia 14 de julho, muito importante para a continuação deste e com impacto positivo nos preços do ether.

Já Ray Nasser, minerador e especialista em criptomoedas da Inversa Publicações, acredita que o segundo semestre deve se caracterizar por forte volatilidade no mercado de criptoativos, contudo a expectativa do especialista é que o mercado suba por causa da liquidez que ainda há no sistema.

Nasser destaca que a Alemanha deve injetar mais de US$ 480 bilhões no mercado cripto, o que favorece ainda mais este cenário de liquidez.

Contudo, entre os aspectos que podem impactar negativamente as criptomoedas, ele cita o medo das pessoas frente ao crescimento do mercado. E também a possibilidade do banco central americano (Fed) reduzir os estímulos econômicos com a alta dos juros. “Se você coloca dinheiro nas mãos das pessoas e abaixa os juros, elas vão investi-lo”, explica e reforça que em um cenário econômico inverso, os criptoativos também perdem força.

Entre as recomendações de compra de Nasser para o segundo semestre estão as criptomoedas Bitcoin (BTC) e Ethereum (ETH).

Ele também recomenda a compra da Chainlink (LINK). Segundo o especialista, esta criptomoeda é o oráculo do mercado cripto porque conecta o mundo real com as criptomoedas e contratos inteligentes.

Além desta, ele também indica a Uniswap (UNI) como oportunidade de entrada, por estar no mercado de finanças descentralizadas que na visão do especialista pode crescer muito com a procura das pessoas por maiores retornos e menos custo.

Mario Saveri, economista da Flip Investimentos, também enxerga o Bitcoin (BTC) e Ethereum (ETH) como oportunidades de investimento para o segundo semestre deste ano. Ele acredita que ambas criptomoedas sofreram fortes pressões na primeira metade do ano, desvalorizando com força, e devem viver um ciclo de retomada no segundo semestre.

Ele também menciona a Litecoin (LTC) como oportunidade, por causa da usabilidade da criptomoeda e o valor baixo em que esta se encontra.

Vai de criptomoeda ou de fundo?

Para quem ainda não se sente pronto para investir diretamente em criptomoedas, Franco, da Empiricus, aconselha outras alternativas presentes no mercado, por exemplo os fundos da gestora Vitreo: o fundo Vitreo CriptoMoedas FICFIM IE, ou o fundo temático Vitreo Cripto Metals Blend FICFIM e o Vitreo Cripto DeFi FICFIM IE, de finanças descentralizadas.

Franco também cita as alternativas presentes na B3 por meio de ETFs (fundos de índice) como o QR CME Bitcoin (QBTC11) – primeiro ETF da América Latina 100% focado em bitcoin. Ou o HASH11, fundo de índice de criptomoedas desenvolvido pela Hashdex .

Diferentemente de Franco, Nasser, da Inversa, prefere o investimento em criptomoedas diretamente e não por meio de fundos ou ETFs.

Saveri também é desta teoria, ele aponta que o uso de fundos ou ETFs é apenas para investidores não qualificados ou aqueles que não se sentem prontos ou com vontade de estudar o mercado cripto. Para estes investidores iniciantes, ele enxerga como oportunidade o investimento no ETF HASH11.

Já para aqueles mais experientes, Saveri aconselha investir diretamente nas criptomoedas. “O mercado de criptoativos funciona 24h e 7 dias na semana, enquanto a B3 só funciona de segunda a sexta-feira. Se houver um forte impacto no mercado cripto na sexta à noite, os gestores de fundos e ETFs só podem negociar na segunda-feira e acabam perdendo o fluxo do mercado”, explica.

5 criptomoedas para ficar longe

Os especialistas consultados pela reportagem citam também ativos dos quais o investidor deve ficar longe, pela falta de fundamentos neles.

São estas: Dogecoin (DOGE), criada em 2013, como uma piada da internet, com o cãozinho Shiba Inu, e que já foi apadrinhada pelo Elon Musk. Segundo os especialistas, a criptomoedas tem pouca solidez nos fundamentos e é muito manipulável.

Outros ativos que eles consideram furadas do mercado cripto são a Ripple (XRP) que enfrentou problemas com o governo dos Estados Unidos por suposta manipulação da quantidade de moedas.

Franco também cita a Cardano (ADA), segundo o analista a criptomoeda não apresentou evolução no ciclo anterior e provavelmente não deve apresentar daqui para frente.

Saveri, da Flip Investimentos, também cita a Quark (QRK), na visão dele a criptomoeda é muito instável tanto nos fundamentos como nos fatores econômicos, o que a deixa sem boas perspectivas de crescimento.

Outra que ele considera furada é a Tether (USDT), um stablecoin lastreado com paridade no dólar americano. Segundo Saveri, a criptomoeda deve sofrer junto com o dólar por causa da política de expansão fiscal americana.

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